segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Sorvi o ar gelado, coloquei os pulmões para fora, através de um grito rouco. Junto com ele, todos os nós se foram junto. Fez-se exposto o óbvio: a luta, então veio de arrasto a esperança, angústia e a loucura.
Tarde demais para perder, cedo para vitória; como um pecado ainda não feito - não totalmente inocente, mas nem no seu todo efetivado. Uma situação de encruzilhada, a qual todas as cartomantes ficariam em dúvida, sem saber que decisão tomar e a vida tentando empurrar-me para alguma direção (velho dilema "viva deixe... viver"). Uma decisão, uma oportunidade de possuir a liberdade no seu estágio bruto, sem escravizar-se, regido pelas paixões ou razões.

Sem esperar a gota d'água; a última luz apagar. Viva, não deixe viver.

SIM! ESTOU EXTREMAMENTE INTIMISTA NA ÚLTIMA SEMANA! dá um time! AHAHAHA.

"A primeira vez que o telefone tocou, ele não se moveu. Continuou sentado sobre a velha almofada amarela, cheia de pastoras desbotadas com coroas de flores nas mãos. As vibrações coloridas da televisão sem som faziam a sala tremer e flutuar, empalidecida pelo bordô mortiço da cor de luxe de um filme antigo qualquer. Quando o telefone tocou pela segunda vez ele estava tentando lembrar se o nome daquela melodia meio arranhada e lentíssima que vinha da outra sala seria mesmo “Desespero agradável” ou “Por um desespero agradável”. De qualquer forma, pensou, desespero. E agradável."
Caio F.


sábado, 14 de novembro de 2009

LIBERTANDO MONSTROS.

“O sol se pôs roxo, dourado e tons sanguíneos, todas situações anteriores deixavam a cena ainda mais bela, porém mais cruel. A emoção saia dos poros, a cara fadigada falava por si. A Dama das Camélias fora queimada poucos minutos antes, junto com alguns escritos da fala oral. Não possuía mais álibis convincentes, ultrapassará as linhas do limite, enfim: a eminência. Fazer requeria mais força do que jamais imaginara, mas a única diferença daquele momento: não havia fugas. Era sua realidade, tal qual uma luz em um prisma – antes uma só cor, agora múltiplas – entretanto, muito menos poética, mais amarga.

Nas suas conversões deixou tudo de lado, soltou o monstro que lá habitava, pois por que se omitir de tal forma? Um sorriso de escárnio para o momento, palavras enroladas – adstringentes a boca – e uma camisa de força invisível.
Os olhos já brilhantes, sem opções. Libertada, por fim. Não leve, mas livre.”

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Não existe imparcialidade total, ou seja, em cima do muro é impossível ficar. Sempre haverá tendência para algum lado e, através disso, chega-se a conclusão: quem vive não fica em cima do muro (simplesmente olhando a banda, as bombas ou a fumaça subir), escolhe; portanto, deixando de ser menos escravo da indiferença e apatia. Essas escolhas geram seleções e funcionam como sementes para o pensamento (direcionado ou não, todavia qual pensamento não é direcionado pela fonte? Afinal, imparcialidade total não existe), logo acaba-se por tomar partido de um dos lados e, por fim, ditar, no  mínimo, 80% dos rumos da vida.
Sempre se tem por objetivo ser senhor do próprio nariz, possuir autosuficiência, bens materiais e "por tabela" felicidade. Então, como na primeira chance de provar isso, fracassa-se ridiculamente? Abaixando a cabeça para contradições absurdas (sobre sonhos, amor, fraternidade,moral...), cedendo às hipocrisias, indo de arrasto com a marcha da massa, deixando-se empurrar para qualquer lado do muro, permanecendo do lado de quem empurrou mais forte ou pareceu mais cômodo, enquanto alguém precisa de ajuda ou a outra parte grita, ecoa e atormenta: Isso não é certo.
Ceder é muito fácil, díficil é resistir. Para, enfim, ser dono de si mesmo.


Perdoem meu português, quando escrevo rápido e não tenho tempo de revisar, sai tudo meio rengo.


" Não estou para poemas,
nem eles estão para mim.
Preferem outros tantos,
mas eu persisto em querê-los
quando acho que os arrebato (vulgares tentativas)
explodem nessa cabeça vazia
tomates podres (jogados ao péssimos)"


Obs.: Ah, vamos ver Alice no País das Maravilhas? :D Entupir nossas vidas de fantasia?



quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Palavras clichês, remodelação dos clássicos, vanguarda: minha garganta não está fechada.



Por que Duchamp? Não é apenas porque a obra dele é "legal", é muito mais do que isso. Ele, assim como muitos outros vanguardistas da época, desafiou os padrões estéticos, os ideais de belo no início do século XX, não possuía apenas talento, ele ia além: CONTESTAVA. Não através de panelaços, lançamentos de tomates a governadora ou greve. Por meio da arte, quebrou as correntes dos pré-moldados métodos. A obra pode parecer absurda, mas não é um direito expressar-se, transgredir os pensamentos e ter liberdade para isso, por mais absurdo que as ideias pareçam?

É um direito, uma obrigação, não se subordinar a tudo (desde a vulgaridade da TV; ao mau tratamento recebido em qualquer instituição; a corrupção política, etc), ou seja, não se calar diante da sensação de "não vai dar nada", onde os maiores pisam nos menores, nessa selva de pedra - de merda - a qual se vive. Deixando as gargantas fechadas pelo medo, ficando então simplesmente dominado por um sistema cujas diretrizes são bonitas apenas no papel.

Todas essas palavras, repetidas inúmeras vezes, hoje são praticamente decoradas, mas pior que servem! Continuarão sempre servindo (é assim desde as primeiras revoltas conhecidas, nas primeiras revoluções efetivas as quais gritava-se por igualdade, educação, justiça e o caralho). Onde estão os gritos, onde estão os clichês que no momento têm utilidade de "pretinho básico"? Tapam-se os olhos, as bocas, os ouvidos. Cegos, mudos, surdos, nem ao menos vegetais - afinal, vegetais possuem sua utilidade no ecossistema.

Abrir os olhos, ouvidos e a boca. Abrir os horizontes, respeitando quem deseja falar, não fazendo piada de quem ao menos tenta, mesmo sem fundamento ou argumento consistente, transformar o ambiente que vive. Pois, para isso é necessário coragem, misturada com inconformismo, expressão e liberdade, a fim de se gerar ação. Esse é o início da revolução, das transformações: de dentro para fora.

DEPOIS DE TUDO ISSO, POR ENQUANTO, ME CALO!

"se antes de cada ato nosso nos puséssemos a prever todas as conseqüências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar. Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, inclusive aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratular-nos ou pedir perdão, aliás, há quem diga que isso é que é a imortalidade de que se tanto fala." - José Saramago.