tag:blogger.com,1999:blog-9401399540441878452024-03-21T04:19:20.311-07:00cafecoloridobibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.comBlogger38125tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-35816519054931805452011-02-24T16:35:00.000-08:002011-02-24T16:35:32.770-08:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/vaDw4CAcXVE?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/AhcttcXcRYY?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-59934808992202550832011-02-18T17:44:00.000-08:002011-02-18T17:45:15.516-08:00<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS5om9rjF4oR98HCdt5jTiMmNs7a-eCIIAU8T7dI75GBAc6C0hoZCqOId64Sk49isVxnsEC5spGzWtq5BhnbOxQmrxyc8KHO0irtvxmOkPWkABmVXEgSq5k6h9vQ-T-dxvT6zOLq2fVWU/s1600/IMG_7490.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS5om9rjF4oR98HCdt5jTiMmNs7a-eCIIAU8T7dI75GBAc6C0hoZCqOId64Sk49isVxnsEC5spGzWtq5BhnbOxQmrxyc8KHO0irtvxmOkPWkABmVXEgSq5k6h9vQ-T-dxvT6zOLq2fVWU/s400/IMG_7490.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">DELÍCIA DE PÃO DE QUEIJO COM UMA COBERTURA SURPRISE COM CARAMELO</td></tr>
</tbody></table><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTbpqfheCbsYMkhbxTbfQDsLRFED4vIDkb_QUT8qbNrDnmmz216CSdLEMQ1BCjcexQoDpCtil7PBzsj1N_CJyTyqZk1K3FjIlG8Pzy2uk2HapAU3YobJsBtCiDX190i1Fg97mc3gnI0SM/s1600/IMG_7485.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTbpqfheCbsYMkhbxTbfQDsLRFED4vIDkb_QUT8qbNrDnmmz216CSdLEMQ1BCjcexQoDpCtil7PBzsj1N_CJyTyqZk1K3FjIlG8Pzy2uk2HapAU3YobJsBtCiDX190i1Fg97mc3gnI0SM/s400/IMG_7485.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">VETERANOS E BIXOS 2011/1</td></tr>
</tbody></table><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiG6a2B4mNooEmIHJOp2m2CBvOgneYCYzJP1-b_s-q1lKS8Yq5301ZMqQmVBkw08p-V_JI6j1QTD07gxJ9JDI7hGJU1qmhtSBqCp3GJRSuhoL29-8Xx75zbM6bI_GtctA1v_0anamul2pY/s1600/IMG_7489.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiG6a2B4mNooEmIHJOp2m2CBvOgneYCYzJP1-b_s-q1lKS8Yq5301ZMqQmVBkw08p-V_JI6j1QTD07gxJ9JDI7hGJU1qmhtSBqCp3GJRSuhoL29-8Xx75zbM6bI_GtctA1v_0anamul2pY/s400/IMG_7489.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">CABELO LINDO PARA RESPONDER O QUESTIONÁRIO.</td></tr>
</tbody></table>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-7400243066932932072011-02-18T17:35:00.000-08:002011-02-18T17:37:29.821-08:00<div style="font-family: inherit; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Sentei na cadeira, resolvi crias algumas raízes, para não sair daqui antes que a impaciência de uma falta de criatividade ou de algum pedaço de texto afugentasse-me e, pessoa alguma (in)conscientemente distraísse-me. Torço para essas coisas não acontecerem antes do último ponto final e que as paciências não se percam nesses caminhos de introduções. </span></div><div style="font-family: inherit; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: inherit; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Escutei um tango improvisado tocar, olhei pela janela do ônibus (naquele tempo era setembro): um senhor de barba branca por fazer, boina e sapatos marrons, com um copo de cerveja choca junto a ele, uma simples, porém inútil decoração, comparado às luzes baixas e avermelhadas do bar. Enquanto eu seguia (senti vontade de pedir um tango de Gardel), distanciava-me. E, por fim, ele ficou para trás. Um vulto de comprovação da felicidade em uma música improvisada, bebida choca e mesinhas de plástico vermelhas.</span></div><div style="font-family: inherit; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Passei os dedos pela boca, antigo hábito de quem roía as unhas, até ficar apenas com as pontas encostando no lábios. Meus olhos não conseguiam descansar, piscam devagar, era como se absorvessem todas as coisas da volta: alguns semáforos, ora verdes ora vermelho, quase nunca amarelos; pessoas de vida como a minha - as quais descem e sobem ruas, dormem em realidade e se machucam no sonho, ou vivos, ou fingindo viver num universo paralelo próprio caído na desgraça de parecer todos os dias iguais. Meus olhos iam virando caleidoscópio, cada vez mais, e eu continuava indo, indo, cada vez mais para perto de casa. </span></div><div style="font-family: inherit; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Os minutos, as pessoas passaram e fizeram tudo aquilo no qual pessoas fazem nos ônibus. Puxaram a cordinha, como eu, sentiam frio, como eu, estranheza dos bafos quentes que viravam fumaça no inverno, se olhavam no espelho, mas eles não eram eu. Alguns são melhores, alguns não dão bola, outros muito piores, alguns nem valem qualquer citação. Eu era. De repente não era mais. Agora era tarde demais para filosofia barata, eu deixava para trás a cordinha, o dia, o tango, e um pouquinho da sola do meu sapato pelo chão, tanto fazia, era caleidoscopia dos olhos se espalhando pelos dedos, pelos cílios, pelos, unhas carmim, cabelos, pelo isqueiro acendido por mim na cozinha horas mais tarde. Cheguei aos momentos finais de conclusões de vai ou racha, outra coisa de cotidiano, pois: ou tu deixas vir, o que quer que seja, abrindo os braços mais e mais, para que caiba tudo: do antes, do agora e do depois ou te fechas com os braços em x, porque não caberá nada além dos ombros e, os pesos, por eles carregados.</span></div><div style="font-family: inherit; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Eu decidi. </span></div><div style="font-family: inherit; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Abri os olhos, os braços, os meus corações e cada parte da minha carne e alma, tudo corroía minhas veias. Era tão simples. Recebi tudo que me faltava, fiquei até com muito a mais. Permiti, porque se não for intenso e vivo, uma chama no meio da minha carcaça de racionalidades, não é nada. Nada.</span></div><div style="font-family: inherit; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: inherit; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: inherit; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Um livro que li recentemente, deixo um trecho (achei ótimo, ri demais). </span></div><div style="font-family: inherit; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: inherit; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><span lang="PT-BR"> </span></b> </div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><i><b><span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">Preâmbulo às instruções para dar corda no relógio </span></b></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 18pt; text-align: justify; text-indent: 32.5pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">Pense nisto: quando dão a você de presente um relógio estão dando um pequeno inferno enfeitado, uma corrente de rosas, um calabouço de ar. Não dão somente o relógio, muitas felicidades e esperamos que dure porque é de boa marca, suíço com âncora de rubis; não dão de presente somente esse miúdo quebra-pedras que você atará ao pulso e levará a passear. Dão a você — eles não sabem, o terrível é que não sabem — dão a você um novo pedaço frágil e precário de você mesmo, algo que lhe pertence mas não é seu corpo, que deve ser atado a seu corpo com sua correia como um bracinho desesperado pendurado a seu pulso. Dão a necessidade de dar corda todos os dias, a obrigação de dar-lhe corda para que continue sendo um relógio; dão a obsessão de olhar a hora certa nas vitrines das joalherias, na notícia do rádio, no serviço telefônico. Dão o medo de perdê-lo, de que seja roubado, de que possa cair no chão e se quebrar. Dão sua marca e a certeza de que é uma marca melhor do que as outras, dão o costume de comparar seu relógio aos outros relógios. Não dão um relógio, o presente é você, é a você que oferecem para o aniversário do relógio. </span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;"><i><b><span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">Instruções para dar corda no relógio </span></b></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 18pt; text-align: justify; text-indent: 32.5pt;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">Lá no fundo está a morte, mas não tenha medo. Segure o relógio com uma mão, pegue com dois dedos o pino da corda, puxe-o suavemente. Agora se abre outro prazo, as árvores soltam suas folhas, os barcos correm regata, o tempo como um leque vai se enchendo de si mesmo e dele brotam o ar, as brisas da terra, a sombra de uma mulher, o perfume do pão. </span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">Que mais quer, que mais quer? Amarre-o depressa a seu pulso, deixe-o </span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><i><span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">bater em liberdade, imite-o anelante. O medo enferruja as âncoras, cada coisa que </span></i></div><div class="pj" style="line-height: 18.1pt; text-align: justify;"><i><span class="nw"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;">pôde ser alcançada e foi esquecida começa a corroer as veias do relógio,</span></span><span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;"> <span class="nw">gangrenando o frio sangue de seus pequenos rubis. E lá no fundo está a morte se</span> <span class="nw">não corremos, e chegamos antes e compreendemos que já não tem importância.</span></span></i></div><div class="pj" style="line-height: 18.1pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;"><span class="nw"><i>- Julio Cortázar - Histórias de Cronópios e de famas. (Manual de Instruções)</i></span></span></div><div class="pj" style="line-height: 18.1pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;"><span class="nw"><i> </i></span></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<br />
<br />
<div class="pj" style="line-height: 18.1pt; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10pt;"><span class="nw"><i> </i></span></span></div><br />
<div></div><div class="pj ff0" style="font-family: inherit; left: 4.52em; line-height: 1.51em; top: 4.33em; width: 28.91em; word-spacing: -0.11em;"></div><div style="font-family: inherit; text-align: justify;"></div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-73734270501170283002011-01-30T06:44:00.000-08:002011-01-30T06:44:54.436-08:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/DT-dxG4WWf4?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-26188471513175572102010-07-22T22:45:00.000-07:002010-07-22T22:45:00.590-07:00DZÁIN.<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtmD0hdiXMvkZvenyxOtxG_HBWMKdFohsSPlCnkoT898Wx1-zgAsDWqR25L1HtayVfAlnvPNuNxf7tSP7AuEk9svnv00l-Ms2qNn-IKBpbfsXbNFd6XTdXUHGg_P0OVHkSqAOgo1KfxqA/s1600/DSC_1343.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtmD0hdiXMvkZvenyxOtxG_HBWMKdFohsSPlCnkoT898Wx1-zgAsDWqR25L1HtayVfAlnvPNuNxf7tSP7AuEk9svnv00l-Ms2qNn-IKBpbfsXbNFd6XTdXUHGg_P0OVHkSqAOgo1KfxqA/s400/DSC_1343.JPG" width="400" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHgUlMPnGHr1fJkOyDU4TU-LVxNePpVSMlhiz37T2ZRadDe71kOWODTA-vvcVARg30x538M_kRCdQcZQ8t4xlsqHI6AqO2CLFidOUW7Tal3H35pTggf3S4mR8FB2bGw9FmRkY3FU-gWxs/s1600/DSC03555.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHgUlMPnGHr1fJkOyDU4TU-LVxNePpVSMlhiz37T2ZRadDe71kOWODTA-vvcVARg30x538M_kRCdQcZQ8t4xlsqHI6AqO2CLFidOUW7Tal3H35pTggf3S4mR8FB2bGw9FmRkY3FU-gWxs/s400/DSC03555.JPG" width="400" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzE2m6r_XC9OjYgvZZ_MeNmJhDgwSE9Y4psDTg18rFR4r7zyHDu_d2TN19V7glSuZ71Pkw6rt7LmCzDJ1L7QAaKmciTLLaG7rSqQGoULjWnPj_oruukzDhVwhY1K_780agVWUpHK2C5Gc/s1600/DSC03380.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzE2m6r_XC9OjYgvZZ_MeNmJhDgwSE9Y4psDTg18rFR4r7zyHDu_d2TN19V7glSuZ71Pkw6rt7LmCzDJ1L7QAaKmciTLLaG7rSqQGoULjWnPj_oruukzDhVwhY1K_780agVWUpHK2C5Gc/s400/DSC03380.JPG" width="400" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMZwLqwPPn1lA_GhLJX1-QoSEHYEcpMEf50VbkHlOJTp1xs5WXcRcPG_Z9Z5D30V7UJ3OvLo8x9z794KuOiUrmJ6NxUw4rbxhe-88eqhsCSmJrf-bCe3rhRcHYvPSZbjDdqYOXI9j_tZM/s1600/DSC03540.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMZwLqwPPn1lA_GhLJX1-QoSEHYEcpMEf50VbkHlOJTp1xs5WXcRcPG_Z9Z5D30V7UJ3OvLo8x9z794KuOiUrmJ6NxUw4rbxhe-88eqhsCSmJrf-bCe3rhRcHYvPSZbjDdqYOXI9j_tZM/s400/DSC03540.JPG" width="400" /></a></div></div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-15954782981529268282010-06-28T17:20:00.000-07:002010-06-28T17:28:55.956-07:00<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Escrevo aqui e agora, sem os rascunhos em folhas de papel que costumo fazer, porque hoje já não é mais mês de Maio, é final de Junho e, eu ainda tenho entalado na garganta muito. Muito de tudo, muito de mim, muito de ti, muito de nada que, como planta ácida carnívora: me corroí, me devora, me destrói aos poucos, até o meu avesso chega a sentir, mesmo diante do entorpecente. Muito da alegria, cordas vocais roucas de tanto berrar canções quaisquer, muito de amizade, ainda sim, continuo efervescendo, corroída. Embora não seja dessa vez que me consumo por inteiro, virar cinzas e voar ao sabor do vento. Eu não me permito. Nessa carnificina, posso sair inteira, embora maçada, sem voz e uma consciência desnorteada pelas palavras gritadas aos ventos, aos avessos, aos passados, aos fantasmas dos meus presentes imaginários e alucinações dos sentimentos criados por serem mais intensos. Eu só queria não ter que olhar no espelho todo o dia, então dar de cara com toda a mesquinharia, sabotagens instantâneas, sorrisos amarelos e disfarces de quem, faz muitos tempos, se perdeu no meio do caminho do avesso que não é mais o seu, nem bate no próprio céu. De me pegar engolindo qualquer coisa rápida, sem mastigar, ir dormir pedindo um sono sem sonhos, tendo medo do ridículo, contentando com o óbvio e coisas iguais. Não posso. Nem quero, mas isso, acredite, foi mais instintivo do que qualquer coisa, como nadar no mar - sem cuidado, num acidente de azar ou na revolta dele: as ondas tragam-te para dentro da ressaca, o olho fica cheio de maresia, enquanto o sal resseca o resto, tudo menos os olhos cheios de maresia, neblina densa, aparentemente, ela predestina um temporal de qualquer cor ou nome, arrasador, fodido e, eu continuava me afogando em água e maresia. Tudo isso até passar o temporal. Então, veio o mar remexido, cor de chocolate quente e o céu de brigadeiro, me dei conta: nesse mar revoltoso, tudo era contrário. Chocolate e brigadeiro, para mim, sempre foram doces. Eles viram azedos na língua. E eu queria mar e céu azul tolamente, afinal o boicote é fácil. descobrir esses tons terrosos de marrom, em meio aos pretos,brancos e azulados, modificaram todas as percepções de feio e belo, bom e ruim: é só ver diante de qualquer espelho ou água fria que me permitisse sentir minhas duas pernas, meus olhos, meus braços, meu cérebro intacto e todos os meus dedos, minha vida sete palmos acima e não abaixo da terra. Permito-me nadar contra a maré, jamais ser puxada para dentro e lá ficar, afogada no fundo do mar particular. Dos resultados disso: um respirar forte, ofegante, barulhento. Intenso.</div><div style="text-align: justify;">Que minha própria planta carnívora dê fim a esse resto, com tudo mais que eu não quero. Mas que deixe esse amargo guardado na intensidade com que nado contra essa maré própria, porque não posso, nem por muito nem pouco, esquecer disso: desses olhos cheios de maresia, apatias de azul autosabótico corroído, que não é mais Maio, é final de Junho, dia 28, é hoje, posso não ser mais inteira nem se me verem pelos lados contrários, contudo sou tom de terra - sempre - em meio ao mar, qualquer mar. Até mesmo o meu mar. E nesse oceano, eu não me permito mais afundar. <o:p _moz-userdefined=""></o:p></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-45285549509273653742010-06-20T15:59:00.000-07:002010-06-20T16:07:32.992-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU1oZiJ7An-dx3uXasxr3_E3VJTYpUwNo8LX4VSf2q8YidGjGFgtCi8_7GvSfTk6GS5SOqIVSlUVx93zYa4kFmPurPOoQu8xaF5qDla56bzgu03jvoDJ4LzipBIICXSYPW3P1yCvHcPq0/s1600/sss.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" qu="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU1oZiJ7An-dx3uXasxr3_E3VJTYpUwNo8LX4VSf2q8YidGjGFgtCi8_7GvSfTk6GS5SOqIVSlUVx93zYa4kFmPurPOoQu8xaF5qDla56bzgu03jvoDJ4LzipBIICXSYPW3P1yCvHcPq0/s400/sss.jpg" width="277" /></a></div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-24362381716229981802010-05-08T17:50:00.000-07:002010-05-08T18:29:29.513-07:00Prefácio<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><i><b><span style="font-family: Arial;">- Para Maíra </span></b></i></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Arial;">Não foi Capitu, Kiefer, Caio, Clarice ou Diadorim, muito menos Eva. é o que é, ou fora, o que viria a ser, aquilo que queria. Mas, como qualquer mortal de sangue quente, trazia de arrasto e vontades próprias: os sete pecados, seus gênesis, êxodos e apocalipses, sem contar a mordida de maçã que não lhe fora nem fantasia, viera de herança. Tudo isso em seu marco zero, por toda a vida, não impediram que seguisse, pelo dilúvio, chuvisco ou deserto, tanto fazia, pois enquanto os dados ainda rolarem, não há derrotado. <o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Arial;">Se fosse fácil,a intensidade estaria perdida. A realidade crua e nua exige isso e não só o perfeito – na escuridão todos os gatos são pardos – cedo ou tarde, as máscaras fazem barulho, quando caem. Simples é mostrar todos os dentes como um sorriso torto, afinal basta concentrar os músculos da face. O difícil são olhos, não a serpente. A antiga casca oca se partiu tantas vezes, deixando cacos pelo caminho. Eles cortaram (contudo foram sendo levados, aos poucos, pelas lágrimas, derrotas amargas, pelos amores, pelos pés, pelo luto dos que partiram e continuaram em vida e pelos que se foram de vez) deixando marcas, vistas todos os dias perante um espelho qualquer, mas só para ela. Porque demonstrar fraqueza é demais, já que os dados rolam. Esqueça a maçã, esta também se perdeu, seu peso é leve, diante de tudo que veio, tudo que vai. <o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Arial;">Enquanto o vento bate no rosto, esvoaçando seus cabelos negros, a maquiagem dela cobre as olheiras, um sorriso de escárnio macula o rosto sereno, uma trilha sonora imaginária cria-se, enquanto recita um trecho de um poema para si mesma: <i>“<span class="maintext">Não tirei bilhete para a vida, errei a porta do sentimento, não houve vontade ou ocasião que eu não perdesse. Hoje não me resta, em vésperas de viagem, com a mala aberta esperando a arrumação adiada, sentado na cadeira em companhia com as camisas que não cabem, hoje não me resta (à parte o incômodo de estar assim sentado) senão saber isto: Grandes são os desertos, e tudo é deserto”,</span></i> continua nua, crua, verdadeira em um mistério íntimo, no meio do contraste. Ela, Maíra: Muito mais do que aparenta e um dia pensou em ser.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Arial;"> </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: Arial;"> <o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-48849220253594609132010-04-23T13:55:00.000-07:002010-04-23T13:55:07.194-07:00<div style="text-align: justify;">Estava fugindo. Confesso. Mas, ainda que tenha tempo sobrando e eu não culpe a falta de 'inspiração', não conseguia fazer algo do meu agrado, é assim, ao menos comigo, em quase todos os jeitos : desenho, trabalho, limpeza, aparência, prosas, etc. Neurótica, sim, é isso que sou. Isso reflete, refrata, metamorfiza, dramatiza e, obviamente, poetiza-me um pouco. </div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSP4lWTigHCInmdBibYRTR1tHAVAvER0YxjFs4G1oQ6IL2O6ZUu9tVLcdUGHKNZzUUpXXyjfYI-ST3l4igxZurMBixDbUJVqTXzUqF6QDFPFfYKPigKYRMVkdz4LtMnyJ7UlEdwBOGIvI/s1600/2842742.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSP4lWTigHCInmdBibYRTR1tHAVAvER0YxjFs4G1oQ6IL2O6ZUu9tVLcdUGHKNZzUUpXXyjfYI-ST3l4igxZurMBixDbUJVqTXzUqF6QDFPFfYKPigKYRMVkdz4LtMnyJ7UlEdwBOGIvI/s320/2842742.jpg" width="208" /></a>Desabafos a parte, estou sem chimarrão. A erva tristemente acabou em um final de tarde frio, porém tenho uma garrafinha de água, um pedaço de maçã mordida. Ao menos um desenho teve seu fim <i>(acima)</i> e terminei de ler a Menina que não sabia Ler, de John Harding. Ótimo até a página 150, depois foi decaindo, por fim, acabando em um final cuja surpresa poderia ter sido maior. A menina transita entre o real e imaginário, loucura e sanidade, amor e obssessão, mas deixou a desejar, transformando um grande <b>possível</b> final em uma bobice razoável. Não era fantasma, era loucura mesmo, algo a la <i>Macbeth</i> <span style="font-weight: bold; white-space: nowrap;"></span> e, ela foi de irmã protetora a psicopata capaz de tudo - o autor pouco explorando essa transformação, a fim de manter o clima de suspense, algo como um filme de terror de seção da tarde.Mesmo assim: recomendo. Bom, esse fim de semana minha cunhada trará-me a saga do Crepúsculo. O que me aguarda? Estou louca mesmo é para ler o novo livro da Isabel Allende: <b style="color: black;">La isla bajo el mar</b>, sem tradução ainda, que conta a história de Zarité, uma mulata que aos 9 anos foi vendida como escrava para o francês Vamorain, dono de uma das mais importantes plantações de açúcar da ilha de Santo Domingo. O romance conta 40 anos da vida de Zarité e mostra o que representou a exploração de escravos na ilha no século 18, suas condições de vida e como foi a luta pela liberdade.</div><div style="text-align: justify;">Alice estreiou, estou louca varida para ver em 3D, apesar das péssimas críticas lidas por mim, durante a semana, no entanto, será provavelmente fantástico e colorido (como eu gosto - a princípio). Até lá, nada digo. <br />
<br />
<i>- (texto sem título) - </i><br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzLwLXKSriRtB8VydtP56ZNOQGEdmVicEAWbK85ZtAU02rjF9UFP6aOeGDfHERTNSZ-XiUH5jaStyShpO49fZ_xDyIhZI-mUTqm6IQHmLVo-ZzE07MfD2WuX3CaCbD_CzxJw0RpQrDbOs/s1600/Sem+t%C3%ADtulo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzLwLXKSriRtB8VydtP56ZNOQGEdmVicEAWbK85ZtAU02rjF9UFP6aOeGDfHERTNSZ-XiUH5jaStyShpO49fZ_xDyIhZI-mUTqm6IQHmLVo-ZzE07MfD2WuX3CaCbD_CzxJw0RpQrDbOs/s320/Sem+t%C3%ADtulo.jpg" width="296" /></a><i>Desceu do carro antigo, as grandes avenidas (paralelas) eram atravessadas por outras menores, formando espaços para um pouco de tudo, deixando um aspecto de Jogo da Velha vivo sem "xizes", nem "bolinhas". Numa esquina, perto da parada que a levaria para casa, havia uma padaria simpática. O dia era claro e quente, porém, na manhã de outono, usava jaqueta e um lenço amarrado no pescoço, afinal a noite virada e o café com leite tomado as pressas às 7h da manhã, não foram o suficiente para tirar os incomodos do corpo, contudo que sabia ter esquecido de como era possuir incomodos onde a carne não chega, só sofre consequências dos sentires inesplicáveis, imagináveis para quem não os sabe. Nem tudo podia ser como queria, mas, ao menos, que fosse bom, com um toque adocicado, até aí as revelações eram nulas . Então resolveu pedir um sonho, antes, como qualquer pessoa que tem o dinheiro contado, perguntou quanto era. Por R$:1,40 podia comer um sonho de mumu ou de creme. Escolheu ambos (o de creme levaria para casa, comeria-o depois, na calamaria, quem sabe transformario-o em um agrado a quem entendesse).</i><br />
<i>Por fim, o sonho virou pesadelo. Era quase oco, uma massa doce, sem recheio algum. Todas esperanças depositadas, ruíram na primeira mordida, quando não se viu só cara, mas, sim, coração. Importou-se apenas no início, depois o envolveu em papel de padaria. Decidiria depois o destino do sonho oco. No relógio da parede: 8h. Os olhos piscavam devagar. A distância até a parada: um atravessar correndo de rua. Foi-se, respirou os ares poluídos de uma Segunda - Feira que nada prometia, foi sugada até o último, por risadas, mentolados não tragados, socializações não forçadas (claramente bem sucedidas), sendo chamada de louca, por uma minoria de um, era apenas a sua neurose. Inspirou, expirou, sentindo-se viva. Aproveitando um sinal vermelho, sem deixar de reparar as luzes verdes, as quais agora via, quando encostada num poste, via a cidade acordar, outros saírem para labutar, rodar alguma bolsa, passear. Ela, simplesmente, iria para casa. </i><br />
<i>Na parada, o fluxo trazia todos os tipos de ônibus (de ida, quanto de volta) e pessoas. Viu as diferenças costumeiras entre um ser e outro, comprovando através do chão o quanto a "porquice" era grande e o número de fumantes também, por consequência: as espumas flutuantes de fumaça. Coisas que só ela dava bola, mas retornos e percepções de forma igual são meras ilusões. A diferença a colocaria em uma posição favorável ou não, assim como as questões dos incomodos corporais, só que essa jamais haveria de passar, ao contrário: agravaria-se, pois jamais conseguria viver só e achar alguém igual seria aceitar a derrota de que não entendia a verdade: nunca seria completa na igualdade e que criar outro contexto oco perfeito não a satisfaria por muito tempo, logo a cansaria. </i><br />
<i>O letreiro brilhante não mentia. Um aceno de dedos, logo depois arrumou o lenço. Sonolenta, derretendo, porque o calor começava a derrete-la. Salva no acento estofado forrado com courino, ouvia "Come Together" e qualquer música mentalmente, como sempre fazia, ajudava a passar o tempo, enquanto as nuvens corriam depressa pelos quilometros da locomotiva de rodas. Quando chegou ao seu destino, elas tomaram sua velocidade normal, devagares, tal qual seus passos.</i><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><i>Tinha pressa, portanto ia desviando de tudo, já sabia o caminho de olhos fechados. Sabia? Não. Naquele dia, isso não foi o bastante. Caiu. Sujando as calças de terra seca, ralando as mãos. Sentou na terra, envergonhada até o pescoço pelo tombo. Um qualquer de bicicleta diminuiu sua velocidade e, na melhor das hipóteses, foi uma alma boa que desejava ver se ela precisava de ajuda. Levantou-se rápido, ao vislumbrar a bondade aparente do ciclista. Levantaria-se com suas próprias pernas e mãos cortadas, sem outros incômodos invisíveis ao corpo. - pensou. Nada mais do que outra sina dos orgulhosos.</i></div><div style="text-align: justify;"><i>Quase correu até chegar ao seu portão. Entrou. Afagou seus cachorros. Disse bom dia. Beliscou uma banana. Deu de agrado os sonhos e sorrisos. Confessou algumas aventuras de um tombo lindo. Sentiu-se viva, completa na autossuficiência. Tinha tudo que precisava ali, menos creme para sonhos. E, no seu cansaço atrofiado, sentou na beira de um degrau de porta, olhando o céu do chão (jamais cairia), sem fome, machucada superficialmente, em uma posição favorável, trazida por conhecimentos incompletos de uns rumos quase certos ou óbvios. Por enquanto, a única coisa que podia dizer: precisava ser livre. </i></div></div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-72553318190287172732010-02-27T11:13:00.000-08:002010-02-27T11:27:08.946-08:00Um só pneu<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Alguma substância, que me fazia ficar de olhos abertos, por alguns segundos teve seu efeito questionado, na noite fria de nuvens sujas, provavelmente em alguma Terça - Feira do mês de Agosto. Eu observava dentro do carro, prestando atenção nas luzes tangerina dos postes, enquanto bocejava e jogava no vidro embasado Jogo da Velha, deixando de ser invicta pelas mãos do meu maior adversário. Passei o dedo indicador, disposta a apagar tudo, tornando visível o lugar por onde eu passava.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Naquela Avenida onde só o invisível caminha e, o carro trafega, eu enxerguei, com direito a luz do poste em foco, um homem escorado em uma roda de bicicleta. Não. Não era um quadro de Duchamp humanizado. Ele olhava o nada, na maior das imaginações, quem sabe, algumas sombras dançantes. Não. Não era Dom Quixote vendo moinhos de ventos sombrios. Não. Não era a morte, nem a vida esperando-me na linha reta do asfalto, anjo ou demônio. Era homem e, esse fato, perturbou-me. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Um arrepio passou pela espinha, coluna dorsal, lombar, vértebras, carnes e nervos (tudo junto ao mesmo tempo), ele arregalou meus olhos (contraindo as pupilas) , logo desaparecendo, assim como o moço do pneu. Alguns minutos. Suspiro, lacrimejo e, pelos fins inevitáveis, começo a descer o poço, com paredes limadas, das possibilidades . Comento como a noite está fria, nenhuma alma viva em qualquer lugar (o de sempre). Preencho com saliva e palavras aquele recinto andante onde o silêncio agonia-me, até por os pés na laje da minha casa, indo cada vez mais fundo no poço das pedras limadas. Ia abrindo portas, ultrapassando corredores, dedos nas paredes pasteis, até o ver o semblante dela.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Mãe! Vi a situação mais bizarra da minha vida, um homem, no meio do nada, escorado num pneu de bicicleta. Do nada, sem motivo algum. Acho que ele estava esperando algum ônibus, porque “trabalho” não era, não vi vela, galinha... Nem estava drogado, tenho certeza, sem fumaça, cutucos incandescentes, nada! Só o pneu.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Inusitado, quase absurdo. Como ele era?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Não sei. Não reparei.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Vai ver vai fazer um monociclo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Quê?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Aquele negócio de circo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Para se apresentar no El Grande Circo Español?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Nein! No Solei. – e a gargalhada atravessou a sua garganta.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">A conversa encerrou-se, nem começou na realidade; tornando-se uma cena de ficção em algum lugar perdido do cérebro. A verdade: fiquei estático, demonstrando cansaço, a cara de vilão canalha de olhos caídos, que me atribuíam. Joguei a bolsa aos pés, casacos, cachecol para dar espaço a toalha de banho no corpo. Foi rápido e insuficiente, pois minhas formas não me distraíram e, só por algum tempo, a água quente preencheu o espaço. Foi-se embora no, com o sentido horário do fechar da torneira, deixando o vapor e toalhas macias (cujo poder de absorção tragou as últimas gotas). Olhei o espelho, passei as mãos por ele, desembaçando-o. Mostrei minha arcada dentária - conferindo se todos os dentes estavam lá – alisei meus cabelos e arranquei alguns (sinais de que estava ansioso). Então, por um estralo, impulso elétrico de quem se lembra de algo importante adormecido pelo tempo, sai caminhando a passos rápidos ( a fim de não dar na vista a necessidade – diferente, mas parecida e sem abstinência de quem se entorpece com químicos orgânicos) compulsiva. Até olhar os quatro cantos da garagem e focar, num canto esquecido, a velha bicicleta cor-de-cáqui invadida pelas teias de aranha (carinhosas moradas ou túmulos de artrópodes). Tudo no seu lugar, pensei. A borracha gasta, os pneus, os aros enferrujafos e o banco de espuma dura comido pelas traças, todo esse conjunto já me foi útil. Todo o conjunto, porém não só o pneu, o qual sozinho não parecia ter serventia. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Sonolento ou desiludido fui ao quarto deitar a cabeça em travesseiro baixo, vislumbrei porta-retratos nos corredores. Eles mostravam uma criança esperançosa, ainda comedora de terra e sonhadora ganhando seu primeiro mundo – o quintal – com seu mais novo brinquedo: a bicicleta, lembraram os tempos simples onde aquilo lhe bastava. Encontrei minha direção ao encontrar o lugar que me propus chegar: o quarto, quase um santuário, contudo, ao invés de deitar a cabeça no travesseiro, atire-me como um peso morto. Fiquei lá: morto, se não fosse pela respiração decrescente, olhos fechados povoados de sonhos. </span></div><div style="text-align: justify;"><em><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">“Eu Vestia amarelo e laranja fluorescentes, uma bermudinha de estampa psicodélica. Isso seria o cúmulo do cafona ridículo, YSL reviraria-se no túmulo, se não tivesse novamente cinco anos de idade, um quintal esmeralda de 4x4 (grande mundo novo, na época) e tivesse como companhia uma bicicleta cor-de-cáqui. Um dia ensolarado, em uma primavera há muito tempo perdida, só agora revivida, em mais uma cena de ventania. Caçava borboletas em um laço de descompasso, até a hora na qual isso me cansou, então peguei meu novo veículo sai no 4x4 a fora, mais um Napoleão. Até cair, como todos os grandes imperadores, num descuido de atenção. Acabei entortando o pneu, perdendo outro no choque contra o muro e chorando por ver minhas possibilidades de aventura destruídas. De consolo nada: os tijolos que sobraram deixavam visíveis as folhas secas da árvore da vizinha, já idosa e não um deleite para o olhos, muito menos uma possível rota de fuga. Até que ele veio, aquele homem, visto à poucas horas antes, vestia preto (calças, cuecas, suspensórios... tudo negro), a cara era branca de lábios vermelhos, sorriu um sorriso de animal traiçoeiro – capaz de muito, enquanto zanzava pelos ares com seu monociclo. Invejei-o, mais um pecado nos ombros, desejei apedrejá-lo, até peguei algumas britas. Porém só o espantei com gritos, mostrando meu sorriso desdentado – de animal louco. Mandei-o embora. Observando-o partir, ri a toa. Desde sempre fui homem-animal: mostrando os dentes na defensiva, ofensiva, ostentação e vitória, escondendo-os na tristeza (fazendo os olhos vazarem), decepção, tombos de egocentrismo que fazem a cara bater no chão, compartilhando-os em trocas de carinho, trocando-os por recompensas”. </span></em></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Acordei, às 3h, com as imagens ainda em minhas retinas, meus dedos segurando pedrinhas imaginárias. Passei a língua entre os dentes, busquei no criado mudo uma garrafa de água. Bebi, saciei-me e liguei para Denise. Alguns toques depois, sua voz sonolenta manifestou-se, parecendo metálica e automática.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Oi, algo urgente? Outra noite de insônia? - perguntou.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Não, nada disso. Dormi, até mesmo sonhei, mas...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Tu andas tomando a medicação?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Odeio tomar aquelas porcarias.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Pelo jeito vou te ver amanhã.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Talvez.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Inspira e expira.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Não, Denise. É sério!</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Como das outras vezes? Foi só um pesadelo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Não, não! – gritei. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Das duas uma: ou tu estás surtando ou drogado. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Já te disse, parei com a maconha faz seis meses. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- E o ácido?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Nunca usei. Tu devia saber.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Toma o remédio que eu te receitei, ok? Ouve uma música que tu goste, nada de coisas mundanas, te desliga do mundo. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Meu pai te paga para tu me escutar, sabia?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Mas tu precisas te ajudar, quem faz o verdadeiro trabalho de equilíbrio emocional és tu. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Amanhã, ás 15h, eu vou à consulta. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Qualquer coisa liga-me.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Tchau. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Desliguei o telefone antes que ela tivesse tempo para uma resposta. Esperava mais dela, contudo só me servia como entulho (de pensamentos e outras coisas que eu não controlava) nas horas de expediente. Uma grande – e cara – medíocre. Disquei outro número.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Oi!</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Outra noite dormida em pântanos? – perguntou. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- É, naqueles onde o sol nunca acorda nem dorme, muito menos brilha. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Eu havia chegado no fundo do poço de pedra limada. Despejei todas as palavras sobre as cenas, as quais só eu entendia.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Sente-se melhor?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Não sei. Prefiro dizer menos pesado, mais feliz porque tua presença telefônica alimenta meu coração carnívoro, sedento de atenções. Posso te ver amanhã? Às 16h, na praça? </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Tenho que desligar antes que o sono passe. – menti.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Claro. Espera! Tu não tens consulta com a Denise? </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Tenho. Dá tempo. Tchau. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Tchauzito. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Desliguei o telefone, eram quase 4 da manhã. Virei e revirei-me em vão. Horas mais tarde, após ver os primeiros raios de sol. Levantei, tomei meu banho, passei café, estilo tintura, comi uma banana e um pãozinho com mumu. Distribui bons dias, bocejos e gestos, fechado, armado para não aparentar. Dissimulado, sem olhos oblíquos, muito menos cigano, raramente ressacados, porém sempre carnívoros. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Outro dia, uma Quarta – Feira, de rotina. Eram 15h e, eu estava sentado no divã de Denise, sem sapatos, olhando a janela cuja vista deixa-me com certos anseios. Era o 12º andar, a noite com as luzes tangerina deveria ser esplendido, um céu de estrelas laranjas. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Me fala de ontem? </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Ontem?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- É!</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Eu te liguei?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Sim.<br />
- Que horas?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- De madrugada.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Tomei os remédios. É impossível, aquilo apaga até um elefante.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Alguma coisa me diz para desconfiar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Por quê? Só porque eu sou diagnosticado obsessivo compulsivo não raivoso com dificuldades de me relacionar, com tendência a desenvolver esquizofrenia? Só porque eu só me relaciono com quem eu vejo certa graça! O normal maquinal não me interessa. Com tantas características de ganhador de mister simpatia, eu posso muito bem ser sonâmbulo. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Vou confiar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Obrigado. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Tenho um encontro hoje. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Sério! Ótimo, grande progresso. E em grupo?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Me relacionando.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Está fumando um Black, as vezes?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Se estivesse não te diria.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Tu estavas indo tão bem.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Um pouco de sinceridade demais afeta.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- E de consciência?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Também, mas menos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Quando é esse teu encontro?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Agora, as 16h.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- E a seção?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Se eu sair, vais mandar internar-me?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Não, muito menos se for pela janela.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Tá certo, essa semana compensamos e, tu me constas o meu sonho! – ri.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Certo, vou falar com teus pais.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Pode dizer tudo isso, mais alguns ano de convivência pro nosso currículo, né?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- De fato. – sorriu – vai antes que te atrase.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Tchau. A propósito, nem todas as flores ficam bonitas com a cor da parede e alguns cheiros inibem. Acho que flores do campo são melhores que lírios nesse caso, o vermelho deles combina com tua íris cor-de-terra. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Bati a porta, desci andares. Ganhei a rua e em cinco minutos a praça. Vislumbrei uma silhueta sentada em um banco de madeira. Senti ao lado dela, então minha rotina foi-se aos ares. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Nós sentados no banco da praça, ouvíamos os barulhos de todas as vozes, menos as nossas. Foram alguns segundos com aparência de minutos, até alguém puxar assunto.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Adoro esse lugar – eu disse.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Sim, é muito bonito mesmo, pena que é mal conservado.<br />
- Geralmente as pessoas não dão muita atenção àquilo que não possui tanto glamour.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Que horas são?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- 16h.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Tu não devias estar na Denise?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Tive só meia seção. Disse que não lembrava de ter ligado, alegando sonambulismo,por causa daqueles remédios.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- E ela...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Nada, muito impessoal. Ia confiar em mim.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Mas só meia hora?<br />
- Aleguei que tinha compromisso.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Simples assim?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Exato.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- O sonho não era simples. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Nem de longe – ri.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Qual era o problema?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Nenhum, porém há alguma coisa.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Como...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Um só pneu. Um.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- E...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Com um é impossível andar de bicicleta.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Não tem como saber se ele ia andar de bicicleta.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Um não é suficiente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Mas para aquele homem devia ser.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Bom, esse é o ponto. Porque ele é satisfeito com pouco.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Questões de percepção.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Um não faz a bicicleta andar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Tu estás muito afetado hoje, parece louco. <br />
- Não sou louco.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Antes de aceitar, primeiro se nega. Vais negar a Denise, os remédios, os sonhos, as insônias...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Nenhuma nem outra. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Então!</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Eu vejo diferente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Diferente? Ou puro egocentrismo?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Apenas diferente, eu não quero só ver, quero sentir antes de tudo. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Exemplifique.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Tenho algumas condições.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Acho perigoso negociar com estranhos, mas fala logo. Quais? – riu.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Nada de linguagem monossilábica e uma chance, até duas. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Aceito.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Olha ali aquele casal. Ficam absortos em seus segredos de canto de ouvido, falando poemas repentinos, apimentando-se na briga, mas preste atenção na menina: está impaciente, parecendo sufocada. Mexe os dedos, olha o chão, não o abraça forte, contudo põe as mãos nas pernas ou no peito dele suavemente, parecendo estar afastando-o. Uma tristeza sobe por todos os nervos vendo essa cena, pois ela não sabe como dizer o necessário para o fim, tem medo, paixões apagadas, pouca coragem e muitas desculpas por não sentir mais. Engana a ela mesma, ilude quem a ama.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Mais outro – eu disse apontando uma criança avulsa - a mãe a cuida, mas distraída, conversando com outras mães. Ela e a menina são marcadas pela pobreza, até ai tudo bem, há muitos na mesma situação desgraçada. Note como a criança presta atenção no lanche das outras, tem aquela partezinha do olho esbranquiçada demais, provavelmente está anêmica, sente fome, tristeza e a injustiça de ser mais uma invisível entre milhões de famintos, mesmo assim sorri banguela, diante da oportunidade de andar de balanço. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Mais um trecho da vida doce-azedo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Isso faz meu coração parecer oco.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Todos os corações são ocos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Peguei suas mãos frias, levando-as até meu peito.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Fecha os olhos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Fechou-os.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- As cavidades são preenchidas com sangue, é um pulsar não constante, contudo ritmado, só cessa quando se morre. Ele bate.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Levei minhas mãos até seu rosto. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- A diferença: no nosso automático os olhos veem e só. Mas, não só os olhos que veem e sentem, todo o resto também. Se tu acreditar, por cinco minutos, na minha insanidade e transforma-la em sanidade, terá todo o mundo, não só uma parte.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Abriu os olhos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Louco.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Apenas acho que uma roda não faz uma bicicleta andar. <br />
Piscava, piscava. Absorvendo tudo, como se procurasse alguma coisa.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Isso te basta? – perguntou-me.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Uma questão de percepção. Eu me importo, portanto reparo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Sim ou não?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Sim, não...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Entendo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Quanto?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- O suficiente para saber que uma roda não faz uma bicicleta andar, mas um monociclo talvez.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Já volto.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Saí, comprei um saquinho de bala toffee, já que achei que seria propício. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Desculpa, não tinha azedinhas, só toffee. Quer?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Não.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Meus cinco minutos acabaram?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Não sei... Limpa esses dentes, todas as bala fico aí.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Sorri, deixando os caramelos enfeitarem meus dentes.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Me dá isso!</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Num rápido puxão, pegou o saquinho de minhas mãos. Levantou-se rápido, hesitando no meio do caminho de areia, decorado por brinquedos enferrujados e árvores antigas, por fim chegando ao seu objetivo: a menina a qual mencionei minutos atrás. Estendeu as balas, disse que eram um presente. Deu um beijo na face suada. Voltou, sentando-se ao meu lado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Impulsivo. – brinquei.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Louco.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- O sanatório nos espera – ri.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Vou embora.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Não vais te perder?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Tem ônibus para o hospício na parada. – escarnou.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Por hoje acho melhor ir para casa.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Também.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Vê se dorme bem.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- E se eu sonhar com o pneu?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Duvido.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Pois?<br />
- O mistério te basta.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- ãhn?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Não importa o que ele faça, desde que faça e lhe seja suficiente. Cada um tem o direito de viver a sua própria insanidade. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Alguma diferença?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- O neutro inexiste. Quando levanto as mãos ao céu, tento pegar nuvens, as quais não parecem tão distantes, quase atingíveis, são algodão. Tomam formas quaisquer. É só imaginar, sentir o possível dentro do impossível.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">-Sem limites?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Claro.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- E se um dia...</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Eu pegá-las? Levo-as para o hospício. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Tchau.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Até mais, me liga?</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">- Quando der.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">O corpo sumiu na praça velha, deixando-me sozinho com nuvens, um casal rompido e uma criança entupida. O pôr-do-sol arroxeado deixava em evidência o esvair do dia. Naquela noite, tive insônia. </span></div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-67128860520468618672010-02-09T18:58:00.003-08:002010-02-09T18:58:33.980-08:00Ciano<div style="text-align: justify;">Tu na minha frente, do lado oposto, na mesa revestida de veludo vermelho. Esperavas meu último movimento, a cartada. Satisfiz teu desejo, por sinal, o meu também. Larguei os naipes vermelhos e pretos devagar, mas isso não era o suficiente para não ouvir os ruídos (fortes sons, naquele instante) das cartas chocando-se contra a superfície, deixando livre meus dedos tortos. Era 30 de fevereiro, as doses de cianeto desciam pelas gargantas roucas, só via os reflexos da tua íris de cor estranha. </div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Pupilas dilatadas, tuas cartas revelam-se, caindo leves. Tu venceste, eu perdi. Já havia perdidos as contas de quantas vezes, azares de quem se arrisca. Meus dedos ao léu, Nada mais a fazer, diante daquela neblina, da rua de nossos caminhos, que fazia parecer um eclipse imaginário de luzes néon, ainda tinha algumas moedas nos bolsos, prevenção de que quem, há muito tempo, foi ferido e calejado.</div><div style="text-align: justify;">Cianeto demais na garganta, ciano demais no céu da parede arroxeada.</div><div style="text-align: justify;">Movimentos bruscos, eu podia ver a tua imagem: indo à direção do ponto cardeal oposto ao meu, tuas costas de frente para mim, permitia-me ver teu terceiro olho – que tu abrias, a fim de as proteger de quem as golpeava. Fiquei inerte, perdedor. Rei dos condenados, desafortunados. Naqueles instantes onde os azuis se fazem roxos, depois pretos na noite, em minha fantasia, de lua nova. </div><div style="text-align: justify;">Cianeto de menos nas cordas roucas. Ciano de menos nas íris oculares ausentes.</div><div style="text-align: justify;">Isso era diferente, mais que blefe, eram meus sentidos. Eu te via no escuro, teus sinais, impossíveis de não perceber, mas, é assim, alguém tem que perder, te perder. Ao menos, apostar para saber. Agilizando meus dedos tortos, embaralhei meu baralho surrado, mais uma vez em milhares, enfim: cartadas dadas, marcadas ou não, são jogadas mortas. Na impossibilidade da vitória perpétua, a derrota veio bater em minha porta: levando muito, deixando-me mudo.</div><div style="text-align: justify;">Cianeto fala, ciano cala</div><div style="text-align: justify;">Cianeto alucina, ciano metamorfiza. </div><div style="text-align: justify;">Cianeto ciano humaniza.</div><div style="text-align: justify;">Agucei os sentidos, através da ausência de outro. Mais uma pupila dilatada, meu terceiro olho – agora aberto – estava seco. Capaz de ver os vidros, teu outro olho sem tremer, por causa das intensidades e tempestades que só os olhos têm. Eu: ferido, calejado, acostumado com o azar, prefiro os desertos. Tu: lisa, afortunada, habituada com os riscos, prefere os dilúvios, é a rainha das minhas tempestades, nos meus desertos onde quase nunca chove. </div><div style="text-align: justify;">Cianeto entorpece, ciano entristece. </div><div style="text-align: justify;">Sentou-se o próximo, mais um adversário comum, no jogar das minhas ventanias de areia, tinha íris cor de terra, palavras de amador, mas não se comparava a ti; mesmo em pontos cardeais opostos, no veludo vermelho agora manchado de cianeto.</div><div style="text-align: justify;">Ciano, a tua cor, nos olhos de tempestade. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-44251942851115034392010-02-06T18:51:00.000-08:002010-02-06T18:51:19.565-08:00<div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><b style="color: #0b5394;">Decidi apegar-me as primeiras ideias, antes que a meia noite chegasse e transfigurasse tudo em abóboras, eu não derretesse ou a lua cheia virasse nova.</b><o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Meio de tarde de fevereiro, no hemisfério sul, eu não sabia as coordenadas geográficas (talvez bem perto de um lugar bem quente, mas não o inferno – isso era extremo demais). Alguns roncavam estirados nas redes, jogavam jogos de azar com cartas marcadas, uma perdida<span> </span>rodopiava – ouvindo um Janis imaginária – parecia um festival hippie, quase uma rave, ao contrário: era apenas pessoas felizes depois de um churrasco de sábado. Todos sobre os efeitos colaterais de algumas substâncias variáveis, mas eu só tinha tomado água, era movido pelo vício: mangas, pois bem, cada louco com sua mania ou buscador de alguma substância estranha que substitua a dor no coração. <o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Se não fosse por algumas árvores, teria dito que aquilo tudo era sertão ou terras do sem fim, mas o verde falava contra, as libélulas tiravam de jogo as teorias de que tudo era um grande forno de assar bolos achocolatados. Uma piscina de mil litros viria bem a calhar, ao menos para afagar a garganta seca carente de fruta tropical, diante das vontades era impossível fugir da fixação. Nada pode realmente proteger daquilo que realmente se quer.<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Então, fiquei perante o porquinho de porcelana rosa, martelo em mãos. A sua cara feliz, despreocupada e meiga pintada dava-me pena de esfacelá-la, através de batidas nem um pouco suaves. Era a vida. Uma, duas, três batidas. Agora a face do porquito era cacos, feia e caolha. Coitado, morto por causa de um fruto carnoso, contudo, a principio, minhas moedas aqueceriam às economias mundiais, entrando em circulação. <o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Fui ao boteco, os infra vermelhos e violetas a pino, sem guarda sol, mais um simples filho do Brasil, passando pelas veredas não calçadas – não esperava mais do que isso, tendo em vista o lugar que vivo: em todas as bocas a desesperança de soluções, só desilusões, onde a lei da selva rei absoluta de forma, aparentemente, não natural , ou seja, ia conforme os andantes da massa humana despreocupada. Eu fazia parte disso, logo tinha certeza: aqui onde o céu é multicolor, dispor-se a rir dos absurdos é essencial, protetor solar também. <o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Queria comprar mangas (quem precisa de sorvete no verão, quando se tem manga?), então direcionei meus músculos, articulações e afins, rumo ao mercadinho mais próximo. O calor era imenso, derretendo balas, atiçando moscas e mosquitos os quais faziam festa com a exposição corporal, trazida pelos primeiros meses do ano, transformando tudo em um grande açougue de olhos humanos famintos e insetos sedentos. Caminhava pela cena, mas estava não a tocava, mas reparava: ela estava longe de ser uma abstração. <o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Tudo junto e misturado! Uma velha passava com um homem em seu carro (neto ou gigolô?); meninas caminhavam praticamente com a bunda à mostra – graças às manias de roupa extra curta – botando para fora seus hormônios, estava perto da vulgaridade, mas, ao menos, graças a deus ao perfeito impossível da revista da banca; outro cara, sentado no meio fio, esperava a recepção de mercadorias; alguns perdidos riam; cachorros e gatos a sombra de arbustos descansavam. Cada um deles tinha uma história relativa, mas todos andavam com suas correntes invisíveis (vícios, obrigações, visões distorcidas...), tudo sutilmente ácido, a ponto de não ser sentido a flor da pele. <o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Impulsionado pelos vícios e desejos – motores infalíveis – consegui chegar ao barzinho, lá logo depois da lomba esquecida ao lado de um salão de beleza, onde se contava os que passavam na rua, matei milhares de mosquitos pelo caminho, uma caminha olímpica contra as forças da natureza, antropológicas . Entrei no estabelecimento,suspirei fundo, estava com refluxo, era urgente! Me consumia. Fui direto à prateleira das frutas e verduras, esquecendo do pão e da cerveja, já que circo não existia. Tudo murcho, passado ou maduro demais. Mexendo a cabeça em todas as direções possíveis, procurando... Meio transtornado abordei um homem:<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Com licença, tu tens mangas?<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Ãhn? Quê?<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Tu tens mangas?<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Hm, dá pra falar de novo?<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Seguinte, mano, tu tem umas manga ai, sabe? Aquelas grandes meio rosa, amarelo e verde. Tá ligado? – respirou fundo, agora sabia que havia falado num dialeto compreensível. <o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Beleza. Não tem.<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Nonada! Não creio.<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Nona.. o quê?<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Ah energúmeno! Tem certeza?<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Isso tem haver com energético né? Perae que eu vou te trazer um! Prefere Burn ou Red Bull? – Foi-se embora para o estoque.<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">É eu estava precisando de asas (fuga rápida e fresca) daquele lugar, mas não sem nada nas mãos. Comecei a vagar por prateleira com todos os tipos de produtos engordurados (dos hidrogenados ao cis-trans); misturas prontas; um açougue real; cacau e café. Aqueles rótulos davam-me medo, pois não sabia pronunciar corretamente extrato de betametacoisinina-74 modificada. Enfim, se tens coragem: come. Acabei voltando ao mesmo lugar, olhando as frutas murchas. Bananas, laranjas, limões, ameixas, cáquis, uvas, melões, outras infinidades, lutando contra a abstinência – já não possuía mais esmalte – então, se tens forças, defende-te. Se nada, aceita: sujeita-te, morde os dentes na bochecha. Se queres caminha adiante. Seguindo ao contrário toda minha linha de lógica de autopreservação, fiquei estático. <o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Até que o atendente veio com o Red Bull. Olhei, perguntei:<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Sugar Free?<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Que é isso? <o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Respirei, expirei. Calma, ele não é obrigado a saber inglês, muito menos falar que nem erudito nessa merda onde ninguém fala direito.<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- O azul clarinho, sabe?<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Ah, tá! É esse aí. – sorriu.<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">A culpa era minha, quase sempre, é melhor utilizar a simplicidade, senso comum nesses casos, afinal culturas, linguagens, hábitos variam conforme os lugares. Dei o dinheiro para ele (não havia caixa registradora), ele foi para dentro anotar no caderninho. Eu, meio lunático, sai portas a fora, ganhando o sol. Uns berros atrás de mim, tiraram-me dos devaneios. <o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Mano, teu troco. <o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Assassino de português, porém honesto.<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Obrigada, mesmo.<o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">- Por nada. <o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Observei, ele foi voltando com passo gingado, típico malandro e, eu voltei sem mangas, sugar free, sobre nuvens de insetos – sem asas, contudo se tens esperanças: segue até a próxima quitanda, indo de acordo com os passos da massa, o corpo, a mente virando sol. Chuva? Não. Piscina de mil litros? Também não. O vício corroia tal qual ácido, ardendo que nem úlcera. <o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Rumando ao objetivo seguinte, a aventura continuava. Na quitanda da esquina haveria mangas, a minha substância estranha que me arrancasse uma parte. Sem escolhas! Se vives: segue em frente, enfrenta-te, aguenta.</span></div><div style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i><b><span class="maintext"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">"Não tirei bilhete para a vida, </span><br style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> Errei a porta do sentimento, </span><br style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> Não houve vontade ou ocasião que eu não perdesse. </span><br style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> Hoje não me resta, em vésperas de viagem, </span><br style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> Com a mala aberta esperando a arrumação adiada, </span><br style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> Sentado na cadeira em companhia com as camisas que não cabem, </span><br style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> Hoje não me resta (à parte o incômodo de estar assim sentado) </span><br style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> Senão saber isto: </span><br style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;" /><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"> Grandes são os desertos, e tudo é deserto. "</span></span> </span></b></i></div><div style="text-align: justify;"><i><b><span class="maintext"> </span></b></i><span dragover="true" style="font-family: Arial;">- Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><o:p _moz-userdefined=""></o:p></span></div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-41498992633105755522010-01-24T18:12:00.000-08:002010-01-24T18:12:36.771-08:00<div style="text-align: justify;">Sinto, apesar da distância. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A morte é inevitável, entretanto a forma como ela chega, faz a vida, em meio a sua feiúra de misérias, futilidades, monstros e guerras criadas pelos homens, transformar-se em algo no qual uma palavra de descrição corre o risco de se tornar insulto. Sem palavras, só os cinco sentidos, a vontade de tê-la em mãos (para sempre) mesmo sabendo da impossibilidade : é água que escorre pelos dedos, contagem dos grãos de areia da praia, as ganas e as lutas pela vida – os dias, não são apenas dias, são milagres. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nasceu pelas mãos do obstetra, foi lavado pelas enfermeiras e aconchegou-se nos braços da mãe. Aprendeu a dar os primeiros passos (caindo e levantando), descobriu as paixões pelo futebol, risos frouxos entre os amigos, namoricos de criança os quais, mais tarde, viraram motivos de risos diante dos exageros da época. Ouviu “nãos” e “sins”, riu das sortes e dos azares, mas no fim debochou de tudo, já que tudo aquilo é era apenas uma fase ruim. Não gostava de alface, preferia tomate. Nasceu carregando o feto da morte que, por fim, viria a crescer e consumi-lo, haveria de vestir luto e, o luto o vestiria (ao entardecer ou amanhecer dependeria). Tal qual todos os outros, portanto, assim como eles, havia algo que o singularizava: os formatos. Não somente dos dedos, boca, andar e seu falar, era tudo – até seus erros, principalmente a sua percepção, fragilidades e fortalezas. Não se esquecendo dos rumos, batidas do coração que ficam subentendidos.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Corria despreocupado nos espaços, ultrapassava escadarias com a maior facilidade, até que se segurou numa barra de sustentação, tentando uma artimanha para vencer a corrida, bateu a cabeça no concreto duro, abrindo um talho. Na inconsciência foi levado ao hospital, nos raios-X apareceu muito mais do que cortes, um tumor – essa palavra que se é familiar de novelas e seriados médicos, tão vaga, distante que, quando ela não é ficcional, parece surreal. Se não fosse por ela, não teria sobrevivido tanto tempo. Foi apenas o início: as primeiras seções de quimioterapia, batalhas diárias. Os medos de não acordar os olhos no dia seguinte, dele e de quem lhe amava, sensações a flor da pele, alguma força de outro mundo tirada de algum lugar, toda a dor que o ensinou a gritar e a chorar, só mais tarde entender. Até aparentemente passar; o primeiro passou.<br />
</div><div style="text-align: justify;">O segundo não, era de medula. Ficou com dificuldade para caminhar, já não podia mais apostar corrida, mas se fez presente com os olhos, apaixonou-se pelo teatro e medicina (então descobriu que queria ser médico). Indo e voltando dos quatros de paredes brancas, dizendo que o nunca seria tarde para realizar seus sonhos, pois venceria. Então por quais motivos perderia seu tempo com lamentações, preocupações do dia seguinte, se o que importa é o hoje? A rosa vermelha virá flor seca, seja no vaso de cristal ou na lápide. Tudo era bom demais, sonhar era bom demais. Duvidar era impossível. Queixar-se um insulto, até das vertigens. Era guerreiro, anjo de asas as quais não voavam. <br />
</div><div style="text-align: justify;">Por muito tempo suportou, mesmo quando via sua face magra (parecida com uma caveira), até o dia cujo corpo foi mais forte que a alma, a fé. Então seus parentes chamaram a ambulância, não fora um acidente. No fundo de toda a esperança: o pessimismo. Nos lençóis de algodão, no meio de todos aqueles que amava, travou a última batalha. Dela só um buraco vazio, ele fora apostar corrida com as estrelas, virou anjo de asas transparentes que o levavam a qualquer lugar – como sempre desejou – o faziam fugir da prisão e da dor. <br />
</div><div style="text-align: justify;">A quem diga que ele foi derrotado, ao contrário: saiu vencedor. Porque reclamar é fácil, inventar uma desculpa também, principalmente diante da conveniência, passar os anos na inércia, nos marasmos do conforto e da alienação mais ainda, já que o tempo é rápido, sem reprises, pipocas de ontem. Ele só tinha 17. Eu tenho 18, tantas aspirações, anseios e desejos quanto ele, eu permaneci; tive a sorte de ter mais um dia, mesmo que vestindo luto.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Há muitas outras histórias tristes como essa, quem sabe mais deprimentes ainda. Existem muitos que nem os descansos da morte têm, ficam como vegetais. Outros morrem em acidentes de carro, terremotos, AIDS, fome, subjugados por outras substâncias; basta olhar os lados, as diagonais, o norte o sul. Desde sempre a vida, na sua preciosidade, foi justa? Jamais. Ao acontecer uma história com tamanha proximidade dos nossos olhos, adquiri-se outra percepção. Adiciona-se mais um formato. Ao menos estar vivo dá mais uma chance de viver, como ele fez., por mais difícil que aparente.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>“<strong>Minueto e rondó</strong> </em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>Amanhecia. Não havia ninguém na rua. </em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>Não, foi assim: debruçado no terraço, ele olhou primeiro para cima - e viu que o azul do céu quase preto aqui e ali se fazia cinza cada vez mais claro em direção ao horizonte, se houvesse horizonte, em todo caso atrás dos últimos edifícios que eram, digamos, um sucedâneo de horizontes. E amanhecia, concluiu então. Debruçado no terraço, ele olhou segundo para baixo - e viu que na longa rua não havia rumores nem carros nem pessoas, só os sete viadutos também desertos. Não havia ninguém na rua, concluiu ainda. </em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>Debruçado no terraço, amanhecia. </em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>Ao mesmo tempo, em seguida, um de-dentro pensou: e se alguém realmente e finalmente apertou o botão? e se aquele cinza-claro no sucedâneo de horizonte for o clarão metálico? e se eu estava dormindo quando tudo aconteceu? e se fiquei sozinho na cidade, no país, no continente, no planeta? Sabia que não. E um outro de-dentro pensava também, se sobrepujando mais claro, quase organizado, não totalmente porque para dizer a verdade não era um pensamento nem uma emoção, mas algo assim como o cinza-claro brotando natural por sobre o horizonte, se houvesse horizonte, ou como o vento fresco batendo nas cortinas, ou ainda como se uma onda nascesse daquele imóvel mar ativo, ali onde começa a luz, onde começa o vento, onde começa a onda, desse lugar qualquer que eu não sei, nem você, nem ele sabia agora: brotou qualquer coisa como - não quero ser piegas, mas talvez não tenha outro jeito - uma luz, um vento, uma onda. Exatamente. Uma onda calma ou arquejante, um vento minuano ou siroco, uma luz mortiça ou luminosa, repito que brotou, repetiu incrédulo.</em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>Ele teve certeza. Ou claras suspeitas. Que talvez não houvesse lesões, no sentido de perder, mas acúmulos no sentido de somar? Sim sim. Transmutações e não perdas irreparáveis, alices-davis que o tempo levara, mas substituições oportunas, como se fossem mágicas, tão a seu tempo viriam, alices-davis que um tempo novo traria? Não era uma sensação química. Ele não tinha a boca seca nem as pupilas dilatadas. Estava exatamente como era, sem aditivos.</em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>Vou-me embora, pensou: a estrada é longa.</em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>Tocou então o próprio corpo. Uma glória interior, foi assim que batizou solene, infinitamente delicado, quando ela brotou. Arpejo, foi o que lhe ocorreu, ridículo complacente, cor-nu-có-pia soletrou, quero um instante assim barroco, desejou. Mas vestido de amarelo como estava, visto de costas contra o céu, supondo que uma câmera cinematográfica colocada aqui na porta desta sala o enquadrasse agora pareceria quase bizantino, ouro sobre azul, magreza mística, que tinha sua cultura, sua leitura. E culpa alguma. Gótico, gemeu torcido, unindo as duas mãos no sexo, no ventre, no peito, no rosto e elevando-as acima da cabeça.</em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>O sol estava nascendo.</em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>Poderia talvez ser internado no próximo minuto, mas era realmente um pouco assim como se ouvisse as notas iniciais de A sagração da primavera. O gosto mofado de morangos tinha desaparecido. Como uma dor de cabeça, de repente. Tinha cinco anos mais que trinta. Estava na metade, supondo que setenta fosse sua conta. Mas era um homem recém-nascido quando voltou-se devagar, num giro de cento e oitenta graus sobre os próprios pés, para deslizar as costas pela sacada até ficar de joelhos sobre os ladrilhos escuros, as mãos postas sobre o sexo.</em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>Abriu os dedos. Absolutamente calmo, absolutamente claro, absolutamente só enquanto considerava atento, observando os canteiros de cimento: será possível plantar morangos aqui? Ou se não aqui, procurar algum lugar em outro lugar? Frescos morangos vivos vermelhos.</em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>Achava que sim.</em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>Que sim.</em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em>Sim.”</em><br />
</div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-63064713091596921962010-01-22T19:01:00.000-08:002010-01-22T19:02:52.827-08:00cena fragmentada em um cotidiano de ventania<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aquilo não era mais do que uma cena fragmentada em um cotidiano de ventania. Uma borboleta negra (ou mariposa em plena luz do dia?) passou, tocando a unha colorida, antenas com as pálpebras e, logo depois, seguindo sua corrida contra as correntes do ar, sem deixar rastros, em busca de opções. Eu permaneci ali, pensando em itens avulsos, olhando as unhas vermelho-pimenta, pois, às vezes, raciocinar em linhas retas ou tortas doía da mesma forma e voar contra a corrente exigia sacrifícios. Então fiquei sentada, enquanto o vento emaranhava os cabelos e, todos os meus desejos, vontades e possibilidades exigiam de mim atitudes mais concretas, quem sabe até um pouco mais de humanidade.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Será que minha vontade era tão grande a ponto de conseguir alguma coisa, não avulsa, com motivos, sem data de fabricação ou validação, na medida da loucura lúcida, para vencer minhas batalhas - onde o maior inimigo sou eu? Essa resposta tem muitas possibilidades, uma certeza: alguém vai sair ferido. Assim, prático. <br />
</div><div style="text-align: justify;">Deveria, mas, por coisas que a minha vã filosofia desconhece ou egocentrismo a flor da pele, alguma parte escondida faz eu achar que dá sempre para salvar até o pior dos enforcados, fazer uma história diferente, só para fugir do usual. A perna balança, os dedos entrecruzam-se em notas sol de quarto decrescente aumentando a impaciência,dilatando as feridas abertas, tornando cinza chumbo os flash-blacks, de sépia, da retina. O ritmo do corpo misturou-se com a campainha do telefone, deixei uns segundos o som horrível entrar pelos tímpanos, o sangue subir a cabeça. A cena fragmentada, agora, tinha início, meio e final. <br />
</div><div style="text-align: justify;">- Fala. <br />
</div><div style="text-align: justify;">Não falei, botei os pulmões para fora. Até demais. O batom se fora, com a saliva. Naquele dia preferi o escracho à sutileza.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Melhor isso que a indiferença, olhos nos olhos, batalhas corpo a corpo, mortos e feridos. Éramos apenas soldados que deixaram de lutar, vencidos pelo cansaço, velhas fórmulas, embora seja impossível mascarar as verdadeiras essências – não importa os perfumes usados. Sentimos os pesos dos sete pecados os quais carregávamos de arrasto, dos tatos ásperos, distâncias dos nossos caminhos paralelos. E diante disso: calamo-nos, aparecendo como demônios nos pensamentos alheios. <br />
Uma lágrima escorreu, tornando-se gota d’água benta. Demônios exorcizados, nenhum morto, contudo vários feridos. Final de guerra (sem mortes), uma borboleta que fugiu, assuntos acabados, outros recém postos em evidência. Sendo assim, não tive tempo de dizer adeus (nunca há), ele desligou antes, resultado de uma epifania? Não. Mais um romance de horas, desejos de minutos, luxúrias de segundos, ao menos tudo pleno e intenso. <br />
</div><div style="text-align: justify;">Ao menos uma cena digna de novela mexicana, encaixada em um cotidiano de ventania.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em><strong>“Porque naquelas casas, se o acolhiam, se lhe davam comida e dormida, era como cumprindo uma obrigação fastidiosa. Os donos da casa evitavam se aproximar dele, e o deixavam na sua sujeira, nunca tinham uma palavra boa para ele. (...) Mas desta vez estava sendo diferente. Desta vez não o deixaram na cozinha com seus molambos, não o puseram a dormir no quintal. Deram-lhe roupa, um quarto, comida na sala de jantar. (...) Então os lábios de Sem-Pernas se descerraram e ele soluçou, chorou muito encostado ao peito de sua mãe. E enquanto a abraçava e se deixava beijar, soluçava porque a ia abandonar e, mais que isso, a ia roubar. E ela talvez nunca soubesse que o Sem-Pernas sentia que ia furtar a si próprio também.” Jorge Amado, Capitães da Areia.</strong></em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em><strong>amei, cacete</strong>.</em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-38135494555055696562010-01-14T18:22:00.000-08:002010-01-22T17:47:28.690-08:00Areais do concreto<div style="text-align: justify;">Olhava o nada, o céu das quatro horas, teoricamente menos propício às temperaturas fortes, deixava todas as sensações mais acentuadas, mas não as sentia, imune ao caos. Todas as vozes pareciam longe e híbridas (misturadas umas com as outras) e, todos os atos óbvios – como um castelo de cartas que desaba. Tão óbvios assim? <br />
</div><div style="text-align: justify;">- Pegadas na areia? – perguntou o homem meio doido e encardido (aquele corpo já não via água fazia algum tempo), mostrando um cartão o qual tinha essa respectiva história. Arregalou os olhos, saindo do seu buraco negro:<br />
</div><div style="text-align: justify;">- Não, obrigado. <br />
</div><div style="text-align: justify;">O corpo encardido foi interrogar mais alguns, saindo da sua vista, desviando de quem não fazia parte das suas escolhas aleatórias. O observador sorriu de canto de boca. Agora já não era questão de poesia, muito menos metáfora, e sim da realidade – outra história que se repetia (mais um cavaleiro da chuva?) na insônia da noite anterior? Tudo conspirava para isso, mas era muito mais. Questões indecifráveis de fé. Levou os dedos levemente até a boca, demonstrava uma surpresa contida, os olhos brilhavam, escondidos pelas lentes escuras, desabou num suspiro de esperanças, pois era disso que precisava: um pouco de desconhecido, sua gênesis, seu êxodo, já que no concreto não se deixam pegadas, só resto de sombras. Sim ou não? Dúvida. Céu ou purgatório sobre sua cabeça? Areal ou mar de concreto? Isso era inegável: mar de concreto, em tempos de seca. <br />
</div><div style="text-align: justify;">A garrafa de água caiu aberta, dando de beber ao asfalto, pingos voaram para todos os lados, molhando pés, insuficientes para acalmar os ânimos, porque evaporavam antes de solucionar os problemas dos corações alheios. Eles acabaram gerando algumas reclamações dos insensíveis e a indiferença dos distantes, mas nele só trouxeram indignação e mais dúvida. <br />
</div><div style="text-align: justify;">- Tá tudo certo? <br />
</div><div style="text-align: justify;">Queria dizer que não; contudo, como qualquer ser humano, o instinto de negação das fraquezas gritou e, na falta de criatividade para desculpas aceitáveis, veio uma resposta:<br />
</div><div style="text-align: justify;">- Cansaço. <br />
</div><div style="text-align: justify;">- Todo mundo tá assim, deve ser esse calor infernal. Quer um pouco do sorvete?<br />
</div><div style="text-align: justify;">Recusou a baba gordurosa quente, extremamente decadente. A sensação de fraco, o resto em câmera lenta, sorvete derretido e sua crença em si mesmo colocada à prova, isso não era Gênesis ou Êxodo, era o Apocalipse, talvez um conto da Clarice Linspector se materializando nos arcanos do destino. Mais pensamentos dúbios, visões transparentes do presente e imaginações das linhas do futuro (inúteis) nas linhas dos areais de concreto.<br />
</div><div style="text-align: justify;">- Tem certeza? Esse chocolate tá perfeito. Relaxa, fica tranqüilo. Vai dar tudo certo. <br />
</div><div style="text-align: justify;">- Não, não. To mesmo é com vontade de tomar um café. – não confessou que também um cigarro, vodca com sprite e gelo seria ótimo, mas teve medo das reações.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Ouviu aquelas palavras a semana inteira, se bem que não há como não repetir palavras. Repetir. Lembrou-se dos velhos trechos: “<em>se tua fé não alcanças e chegas a duvidar, não enxergas a verdade? Esqueceste. Não é a toa que caminhas por este caos. A primeira guerra passou, a segunda guerra passou, mas a terceira já foi escrita...”, “Não tentaste qualquer viagem.Não possuis casa, navio, terra, mas tens um cão. Algumas palavras duras,em voz mansa, te golpearam. Nunca, nunca curam. A injustiça não se resolve.À sombra do mundo errado, murmuras te um protesto tímido, mas virão outros”, “O milagre não é dar vida ao corpo extinto,ou luz ao cego,ou eloqüência ao mudo... Nem mudar água pura em vinho tinto... Milagre é acreditarem nisso tudo!” </em><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Loucura! Tomar café nesse calor.<br />
</div><div style="text-align: justify;">- Pior é comer um cachorro quente da carrocinha. E vícios são vícios, é difícil negá-los. <br />
</div><div style="text-align: justify;">- Certas coisas não se explicam.<br />
</div><div style="text-align: justify;">- Felizes os que creem e não veem. <br />
</div><div style="text-align: justify;">- Tu tá muito estressado. <br />
</div><div style="text-align: justify;">Repetir, outra vez. <br />
</div><div style="text-align: justify;">Quem sabe outra só para ter certeza da descrença. Será? Vacilou. A areia do concreto era dura, seguiu os demais rumo ao ônibus, deixando suas pegadas de sombra no concreto, não as seguiram, mas qual a importância? Tinha asas, embora não as visse. Eram de água, mudavam de cor constantemente, escorriam pelo ar, na hora do voo. Muito realismo fantástico, na sua fé. <br />
</div><div style="text-align: justify;">Sentou no banco duro, sol sobre o rosto. Colocou a cabeça na janela, olhando a paisagem de concreto virando água de areia, murmurou palavras inalteradas e fingiu dormir. Passados 40 minutos, desceu do ônibus, seguiu o caminho até em casa. Chegando lá, tirou os tênis, mexeu com a pedra do isqueiro (como se fosse ascender um Black imaginário). Deu-se a combustão do gás butano, enfim, a água ferveu. Passou um café muito forte, colorido de preto, tomou um gole. Um fim de tarde amargo. <br />
</div><div style="text-align: justify;">Esticou o braço, umas gotas de adoçante despejou na xícara. Tão amargo assim?<br />
</div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-2104771652583269172009-12-22T13:18:00.000-08:002009-12-22T13:18:03.850-08:00<div style="text-align: justify;">Saiu do banho gelado, mas a pele estava lisa e quente como uma cobra recém saída do sol. Essa sensação não lhe era incomum, pois estava acostumada com aquela condição. Da janela via o azul de petróleo virar turquesa anil, o espectro de luz fazia fragmentava as cores do copo, já vazio, trazendo imagens, meras miragens, acabando por mostrar, de forma embasada, o futuro. Ela vendo o futuro. Certamente, aquela visão não era aquilo que quiz, principalmente naquele ambiente sem luz elétrica presente (somente a da janela), cheiro de mirra e cortinas de chita; todavia, diante da insonia: qualquer coisa valia, nas tentativas de sobreviver. <br />
Fez as coisas do cotidiano, vestiu a blusa de seda negra, pôs seus anéis, pulseiras e o manto invisível de perfume, estava quase pronta. Ensaiou um sotaque francês, sorriu. A maquiagem lhe trazia uma aura mística e lasciva e, esse efeito era o que desejava. Outro sorriso, fechou a porta silenciosamente. Era muito cedo quando ganhou a rua, os cães vadios vagavam e, as igrejas, mais vazias do que de costume, pareciam arder no inferno diante de tantas velas oferecidas aos santos naquele final de ano, apenas outras formas de negociar o amanhã, sem pensar nas atitudes de agora. <br />
Deus, me ilumina como uma vela na escuridão para que eu consiga fazer o necessário, pensou. Seguiu adiante - enquanto, as ceras terminavam e extinguiam-se, agora só restos carbonizados de pedidos entregues ao além -, brilho do seu olhar seguiu incandescente. Não era certo deixar nas mãos do invisível, nem parecia viável, ao mesmo tempo, negá-lo parecia impossível. Afinal, fazia tempo que vira seu caminhos, sempre acabou vendo o futuro, seja nas cartas, nos rastros,mãos, nos olhares perdidos dos que vinham procurar respostas ou as cores do espectro. Naquelas situações, era tudo como uma costura, ia tecendo, desvendando os processos, como não sabia. Fizera de sua maldição o seu trabalho, sua obrigação, sem ela nada seria, a sobrevivência. Vendendo o futuro, sobrevivia, acendendo ou carbonizando esperanças, pisando em falso no invisível. <br />
Chegou no seu escritório (se é que se pode chamar assim), disse bom dia à secretária. A primeira consulta seria por volta das 7h:30min com uma moça. Com certeza não demoraria a chegar, muito mais atraída pelo receio e sensações de aventura daquilo que a cartomante lhe falaria, perguntaria de seus amores, profissão, familia, quando morreria, os clássicos de sempre, sempre as mesmas questões só mudando as palavras e o enfoque, logo as iguais ilusões, ambições e tragédias; sugando-a por respostas que esta não pode dar e, ainda, pode errar, afinal, se os horizontes do hoje são metamorfoses, os de amanhã são resultados. Quando iriam entender? As pessoas costumam ser bastante omissas, pensou.<br />
A moça entrou no cômodo, ambas trocaram algumas palavras. Os arcanos diziam muito, mas a outra preferiu não dizer tudo, pois, as vezes, é melhor não saber. Acabou por deixar a menina curiosa. Então, como resposta às questões: - não há mais nada além? Disse: - Isso descobrirás, contudo acredite, as coisas que virão conseguirás enfrentar. <br />
A moça saiu satisfeita, a cartomante ficou sentada, remoendo-se por ter tido algo tão óbvio e de quinta categoria, fez o necessário, nada mais; embora, não tenha visto nada dessa vez. Estava se perdendo, carbonizando lentamente. Os dons atrofiados, como previra nas luzes do copo. Vendo, vendendo, sobrevivendo, incandescendo, omitindo de si mesma seu futuro.<br />
</div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-63033638213239567972009-12-17T18:57:00.000-08:002009-12-17T18:57:58.887-08:00<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc2AoBUp2LdHKWxHvpNDAYEwIhz8NPUcZcNadkgghbOL4MqWUAws1kzLQcXTUt-uVcYuRFZv4cGGa7vC-IiRPGU9IDwNUC10RZNNgvuufswjxec8HIPieWR8eZP1kr0WkJ5LeKGHkX1v0/s1600-h/Imagem.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ps="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc2AoBUp2LdHKWxHvpNDAYEwIhz8NPUcZcNadkgghbOL4MqWUAws1kzLQcXTUt-uVcYuRFZv4cGGa7vC-IiRPGU9IDwNUC10RZNNgvuufswjxec8HIPieWR8eZP1kr0WkJ5LeKGHkX1v0/s320/Imagem.jpg" /></a><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A cúmulos nimbos trazia a guerra eminente dos céus (primeiro prata, depois negra), por trás dos olhos de vidro transparte da janela, ela já percebia as gotas precipitadas as quais haveriam de cair, cedo ou tarde. A fumaça da bebida quente(velho hábito incrustrado na carne) embaçava os olhos, seriam turvos de vapor somente? Não sabia, podia ser o mormaço,honestamente, nem queria; naquela hora nada era inteiro, nem metade, eram quartos? Ou quartas? Sabia que era quinta, porque era dia de semana, tinha acordado cedo. Arrumara-se, guerriou pelo mundo, depois voltou para casa. Lá estava, de compania: seus pecados que vinham de arrasto e sua carcaça de plástico. Imóvel. <br />
Ouviu o primeiro pingo, outro, outro... outro, sobre a laje. Outro sobre a mesa; em seus pés. Sorte que a carcaça era impermeável, já calejada (assim acreditara tantas vezes, na luta pela sobrevivência, mas isso não lhe bastava: era pouco, quase nada. Um antidoto, um veneno diluído em litros d'água). Outro sobre a cabeça, mãos, pés, cabelos, resolveu pegar alguns baldes, bacias, potes de sorvete ou panos grossos.E lá se foi, quando voltou: tudo pingado, um barulho insuportável, tudo destacava o cheiro de mofado. Mais uma vez, suspiro, a armadura é impermeável, mas não indestrutível. Ruiu. E na falta de sustentação seu corpo machucado se fez torno, olhando as fotos e tocos de alucinógenos invisíveis que apagavam. No dilúvio: tudo era deserto. Caminhou até a janela, caminhar nas areias d'água não era fácil, as roupas atrapalhavam. <br />
</div><div style="text-align: justify;">Tiro-as todas, exibindo particularmente o corpo todo. Nas lentes de vidro, viu aquilo que escorria entre as vidraças e protegendo-se das tempestades de areia volátil correu para o pátio. Dançando alguma música que inventara nos quartos de minuto os quais nem sabia mais, lavava-se, mas os pecados ainda ficavam de arrasto (jamais sairiam, eram cicatrizes cravadas, latejantes), logo se fazia simples mortal de um reino qualquer, era um servo, servo da chuva, um grão de areia no mar. <br />
</div><div style="text-align: justify;">Se fosse final de semana, não saberia as horas, se fosse dia de semana se contentaria com o saber dos minutos, mas não - era feriado. Não era tão simples assim.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-32970289613441590602009-12-09T09:18:00.000-08:002009-12-09T09:18:57.060-08:00As verdes luzes, não de pedra, que antes não via.<div style="text-align: justify;">As esferas da rua iluminavam-se, trocando suas cores primárias, exceto uma. Saíam pessoas por todos os lados, alguns carregavam sacolas lotadas de produtos industrializados (os quais nem se consegue mencionar os componentes), outros abstraíam-se. Eu permanecia em pé, na minha frente: uma criança de órbitas de avelã, uma flor no reino das pedras. O barulho da cordinha tornou-se audível, acendeu-se a luz vermelha. Desci, eu e mais outros tantos, caminhavamos, perfeitamente doutrinados. <br />
</div><div style="text-align: justify;">O cheiro de churrasquinho emanava, sentia todos os barulhos, os quais pesavam o ar. Os instintos excitados pelo dia anterior. Um grito de dor em meio ao caos, era um cachorro que acabara de receber um ponta pé. Levantei a cabeça, mais tristeza do que indignação. Onde vamos parar? Se nas aparências coração nenhum mais bate, todos comprados pelas aparências reluzentes, idolatradores de metais e sucatas que correm; enquanto, a vida morre. Mas diante dele show de horrores, calei-me, mesmo diante da revolta engolida (não sentia gosto algum). A terceira esfera ficou verde, um desafio às outras cores primárias: o vermelho e amarelo. Novamente, mais uma flor em meio às pedras.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Continuei lendo Garcia Marquez, um falso efeito placebo em meio ao tumulto, esperando uma daquelas sucatas caminhantes. Ouvindo conversas disconexas, um verdadeiro precipício entre a ficção da menina que enlouquecia pela raiva (no livro) e as bizarrices daquelas pessoas, aparentemente tão tolas na sua selvageria, era culpadas pelas sua condição? A vida deu-lhes opção? Ou tola eu?<br />
</div><div style="text-align: justify;">Outro sinal verde, vermelho, verde, amarelo... Ventava, um sinal sem jeito, o ônibus parou. Respirei alíviada, acabara o show - naquele instante. Meus olhos precipitaram, era salgado. Água imprópria para flores, na ficção a menina coxa entreva para a ala das enterradas vivas, eu ali, observada como algo contagioso no meio da epidemia de insensibilidade, difarçava, escondendo-me no meio das letras e da capa roxa. Fungei, lembrou-me os escarros de minutos atrás, levantei a cabeça. Observei tudo, parecendo que eu não via nada, só meu deserto.Calei-me, para ver de verdade, os verdes que antes não via.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Desci, caminhei alguns metros. Chegando rápido ao meu destinho, sendo favorecida pelas luzes verdes. No recinto: um copo plástico, café quente. Estava atrasada e arrasada. Que cara é essa? - perguntou-me os olhos azuis.<br />
</div><div style="text-align: justify;">- Nada. Só cansaço.<br />
</div><div style="text-align: justify;">- Senta aí! E abre o livro, recém começamos. Como foi o fim de semana?<br />
</div><div style="text-align: justify;">- Ótimo, bastante revelador por sinal.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Olhos azuis riram. Sorri de canto de boca, fingindo prestar atenção nas letras, as quais no momento não me serviam de abrigo. Respirei fundo, aparentando ser uma fortaleza sustentada em pântano.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong>Será que eu estava virando pedra?</strong> <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-42878839109212011772009-12-05T18:03:00.000-08:002009-12-05T18:03:10.320-08:00Cavaleiro da Chuva<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O sol das 17h batia, demais parecido com o do meio-dia, insolava a cabaça. Sem óculos escuros, aqueles raios ultravioletas (que de violetas nada tinham) faziam os olhos contrairem-se, maldita espera, merda de parada de ônibus e uma feia pagando de gostosa. Mormaço dava a sensação de ondas invisíveis, cheiro de pão d'água, graxa e peles. Sentei-me no meio fio, tudo tedioso - afinal: trivial demais. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os pingos de suor diziam os segundos, uma garrafa de líquido trazia alívio e a mente vazia trazia tudo a flor da pele. Pele? Intensifica-se o cheiro delas, já não são mais aperências, são carmas e darmas. Na hora tanto fazia, quando um senhor passou a pé. Era cego, não possuia labrador, nem cusco andante, ou vara decente - parecia mais uma bengala de alumínio, comprada no R$ 1,99; contudo, caminhava confiante no sol, diante daquelas pessoas, na sua aparência simples e desgrenhada tinha tudo para ser mais um covarde, ele demonstrava o oposto, autosuficiência, obstinação, duvido que imaginava moinhos de vento, mas no negrume no qual vive, vislumbra além, naquele momento, parecia um cavaleiro da chuva. Admirei-o, enquanto seguia seu caminho, desafiando os abismos de cinco centímetros entre a calçada e a rua e os labirintos feitos pelas macumbas da encruzilhadas. Fiquei lá, sentado, imprestável, nem para fumar eu servia. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sinal para o ônibus, daqui a 30 minutos o conforto do lar, e sem sinal de chuva surreal. Novamente o cheiro de peles, muitas outras. Será que conseguiram sentir as revoluções cuja pulsação emanava de mim? Ou eu estava louco? Comprindo carmas? Darmas por mais alguns passos longe da conformação por ser mais um fodido (cego, surdo e mudo - tal qual aqueles macacos das histórias antigas que ninguém mais lembra, só sabem que são estátuas bonitas em uma casa contemporânea), sentindo os aromas de epidermes - não de flores. Podia ouvir as explosões, os terrores de dentro para fora e a música da novela: <em>"Você não vale nada, mas eu gosto de você, tudo que eu queria era saber por quê"</em>, de fato, tudo que necessitava era de uma trilha sonora, mais um penduricalho enfeitando, novamente outra constação: não valho nada. Tudo que precisava era de coragem, algum vagalume para iluminar a escuridão e um cão andaluza para dar uma leve ironia.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Céus! Não choveu ainda? Respirei fundo, ensaiei sorrisos (felizmente, nenhum dente faltava), vi o portão. Meus pensamentos sobre o cavaleiro e toda sua chuva não haviam me abandonado, uma notícia boa, pois não queria calar-me. Pisei na grama, não eram flores, mas serviam ao prósito. Amanhã seria diferente, <em>"amanhã há de ser outro dia, você vai ter que ver, a manhã renascer e esbanjar poesia"</em> fazia mais sentido. Um pingo, dois, três, desabou. Era chuva, não me faltava nada, nem coragem. Por dentro: rouco e machucado. Por fora: intacto; sorria. Sentido a flor da pele, aquilo que fora acordado. Quebrei os três macacos de minha sala, ordenei-me cavaleiro. Chovia, chovia, tudo se alagava. Era o início; não o fim. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Instigara os sentidos, agora uma questão de tempo. </span><br />
</div><em><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></em><br />
<em><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span></em> <br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-74912453245988597242009-11-16T15:37:00.000-08:002009-11-20T07:45:36.219-08:00<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sorvi o ar gelado, coloquei os pulmões para fora, através de um grito rouco. Junto com ele, todos os nós se foram junto. Fez-se exposto o óbvio: a luta, então veio de arrasto a esperança, angústia e a loucura. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tarde demais para perder, cedo para vitória; como um pecado ainda não feito - não totalmente inocente, mas nem no seu todo efetivado. Uma situação de encruzilhada, a qual todas as cartomantes ficariam em dúvida, sem saber que decisão tomar e a vida tentando empurrar-me para alguma direção (velho dilema "viva deixe... viver"). Uma decisão, uma oportunidade de possuir a liberdade no seu estágio bruto, sem escravizar-se, regido pelas paixões ou razões.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sem esperar a gota d'água; a última luz apagar. Viva, não deixe viver. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">SIM! ESTOU EXTREMAMENTE INTIMISTA NA ÚLTIMA SEMANA! dá um time! AHAHAHA.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">"A primeira vez que o telefone tocou, ele não se moveu. Continuou sentado sobre a velha almofada amarela, cheia de pastoras desbotadas com coroas de flores nas mãos. As vibrações coloridas da televisão sem som faziam a sala tremer e flutuar, empalidecida pelo bordô mortiço da cor de luxe de um filme antigo qualquer. Quando o telefone tocou pela segunda vez ele estava tentando lembrar se o nome daquela melodia meio arranhada e lentíssima que vinha da outra sala seria mesmo “Desespero agradável” ou “Por um desespero agradável”. De qualquer forma, pensou, desespero. E agradável."</span></em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><em><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Caio F.</span></em><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-6041635875444190332009-11-14T17:15:00.000-08:002009-11-14T17:15:35.090-08:00LIBERTANDO MONSTROS.<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“O sol se pôs roxo, dourado e tons sanguíneos, todas situações anteriores deixavam a cena ainda mais bela, porém mais cruel. A emoção saia dos poros, a cara fadigada falava por si. A Dama das Camélias fora queimada poucos minutos antes, junto com alguns escritos da fala oral. Não possuía mais álibis convincentes, ultrapassará as linhas do limite, enfim: a <strong>eminência</strong>. Fazer requeria mais força do que jamais imaginara, mas a única diferença daquele momento: não havia fugas. Era sua realidade, tal qual uma luz em um prisma – antes uma só cor, agora <span style="color: red;">múltiplas</span> – entretanto, muito menos poética, mais amarga. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nas suas conversões deixou tudo de lado, soltou o <strong>monstro </strong>que lá habitava, pois por que se omitir de tal forma? Um sorriso de escárnio para o momento, palavras enroladas – adstringentes a boca – e uma camisa de força invisível.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><strong>Os olhos já brilhantes, sem opçõe</strong>s. Libertada, por fim. <strong>Não leve, mas livre</strong>.”</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-63829082730025093722009-11-10T09:46:00.000-08:002009-11-10T09:48:02.430-08:00<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não existe imparcialidade total, ou seja, em cima do muro é impossível ficar. Sempre haverá tendência para algum lado e, através disso, chega-se a conclusão: quem <strong>vive</strong> não fica em cima do muro (simplesmente olhando a banda, as bombas ou a fumaça subir), escolhe; portanto, deixando de ser menos escravo da indiferença e apatia. Essas escolhas geram seleções e funcionam como sementes para o pensamento (direcionado ou não, todavia qual pensamento não é direcionado pela fonte? Afinal, imparcialidade total não existe), logo acaba-se por tomar partido de um dos lados e, por fim, ditar, no mínimo, 80% dos rumos da vida. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sempre se tem por objetivo ser senhor do próprio nariz, possuir autosuficiência, bens materiais e "por tabela" felicidade. Então, como na primeira chance de provar isso, fracassa-se ridiculamente? Abaixando a cabeça para contradições absurdas (sobre sonhos, amor, fraternidade,moral...), cedendo às hipocrisias, indo de arrasto com a marcha da massa, deixando-se empurrar para qualquer lado do muro, permanecendo do lado de quem empurrou mais forte ou pareceu mais cômodo, enquanto alguém precisa de ajuda ou a outra parte grita, ecoa e atormenta: Isso não é certo.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><strong><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ceder é muito fácil, díficil é resistir. Para, enfim, ser dono de si mesmo.</span></strong><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Perdoem meu português, quando escrevo rápido e não tenho tempo de revisar, sai tudo meio rengo.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">" Não estou para poemas,</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">nem eles estão para mim.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Preferem outros tantos,</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">mas eu persisto em querê-los</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">quando acho que os arrebato (vulgares tentativas)</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">explodem nessa cabeça vazia</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">tomates podres (jogados ao péssimos)"</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Obs.: Ah, vamos ver Alice no País das Maravilhas? :D Entupir nossas vidas de fantasia?</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="http://www.youtube.com/watch?v=DeWsZ2b_pK4"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">http://www.youtube.com/watch?v=DeWsZ2b_pK4</span></a><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-36421639530845635252009-11-05T13:22:00.000-08:002009-11-05T13:26:32.567-08:00Palavras clichês, remodelação dos clássicos, vanguarda: minha garganta não está fechada.<div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNTZJyTRX8XBY5Z1LU1o1MBOAmHQ-AT8zNffa0iCYeabcR5YRjIKEqOkSkUo0UcPKVMR-S-4AVjZCCpxriMnnhN0GxueBzEs2279oC0KZw4xm1n4JyTnDK_N3Dhkj5IMjB7Y9lGRVpivc/s1600-h/duchamp.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNTZJyTRX8XBY5Z1LU1o1MBOAmHQ-AT8zNffa0iCYeabcR5YRjIKEqOkSkUo0UcPKVMR-S-4AVjZCCpxriMnnhN0GxueBzEs2279oC0KZw4xm1n4JyTnDK_N3Dhkj5IMjB7Y9lGRVpivc/s200/duchamp.jpg" vr="true" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWC0P7owaoJfP3ZSFZnFQfxBWx_eNvzGtsWD-10H8kG61hqich6xC4KvPV9ZzE8OAATjQsJNw2aF_eMeldL-YYuXGbzuVzlfkD16lnXq5tjYEKVUuzJSREPRwdS-0KuaOVdgDB_YOYOHM/s1600-h/marcel-duchamp-fountain1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWC0P7owaoJfP3ZSFZnFQfxBWx_eNvzGtsWD-10H8kG61hqich6xC4KvPV9ZzE8OAATjQsJNw2aF_eMeldL-YYuXGbzuVzlfkD16lnXq5tjYEKVUuzJSREPRwdS-0KuaOVdgDB_YOYOHM/s200/marcel-duchamp-fountain1.jpg" vr="true" /></a><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por que Duchamp? Não é apenas porque a obra dele é "legal", é muito mais do que isso. Ele, assim como muitos outros vanguardistas da época, desafiou os padrões estéticos, os ideais de belo no início do século XX, não possuía apenas talento, ele ia além: CONTESTAVA. Não através de panelaços, lançamentos de tomates a governadora ou greve. Por meio da arte, quebrou as correntes dos pré-moldados métodos. A obra pode parecer absurda, mas não é um direito expressar-se, transgredir os pensamentos e ter liberdade para isso, por mais absurdo que as ideias pareçam? </span><br />
</div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
</div><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É um direito, uma obrigação, não se subordinar a tudo (desde a vulgaridade da TV; ao mau tratamento recebido em qualquer instituição; a corrupção política, etc), ou seja, não se calar diante da sensação de "não vai dar nada", onde os maiores pisam nos menores, nessa selva de pedra - de merda - a qual se vive. Deixando as gargantas fechadas pelo medo, ficando então simplesmente dominado por um sistema cujas diretrizes são bonitas apenas no papel. </span><br />
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Todas essas palavras, repetidas inúmeras vezes, hoje são praticamente decoradas, mas pior que servem! Continuarão sempre servindo (é assim desde as primeiras revoltas conhecidas, nas primeiras revoluções efetivas as quais gritava-se por igualdade, educação, justiça e o caralho). Onde estão os gritos, onde estão os clichês que no momento têm utilidade de "pretinho básico"? Tapam-se os olhos, as bocas, os ouvidos. Cegos, mudos, surdos, nem ao menos vegetais - afinal, vegetais possuem sua utilidade no ecossistema. </span><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Abrir os olhos, ouvidos e a boca. Abrir os horizontes, respeitando quem deseja falar, não fazendo piada de quem ao menos tenta, mesmo sem fundamento ou argumento consistente, transformar o ambiente que vive. Pois, para isso é necessário coragem, misturada com inconformismo, expressão e liberdade, a fim de se gerar ação. Esse é o início da revolução, das transformações: de dentro para fora.</span><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><strong>DEPOIS DE TUDO ISSO, POR ENQUANTO, ME CALO! </strong></span><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><em>"se antes de cada ato nosso nos puséssemos a prever todas as conseqüências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar. Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, inclusive aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratular-nos ou pedir perdão, aliás, há quem diga que isso é que é a imortalidade de que se tanto fala." - José Saramago.</em></span><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-11357798101442721642009-10-31T04:56:00.000-07:002009-10-31T05:51:02.901-07:0010:50<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFYXJqxQpwyzxhk3nyHQh0zRkOp2bLvG2nbFcArkk0S2FqOJ-U_WrI_JF5mlgutfkmZqfuTAiZOydSuSaZdCkhOKhyphenhyphenWzhZ2GTct5SVp8c4cYjAj97LIZNP8bg-eZZE-MMW2jtdTRiAwNU/s1600-h/ATgAAABsK-eRp6oczKb2rkLXKNsCNZv2lM57-nlCaqgYowZeM6VgHPh2kpcxT1YiNEmkZbHSULJIZmZ3_ZXp5GvXlg4OAJtU9VCIwCcPfQnHQLp4brv95giOe8jlAg.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 300px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5398745695727653250" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFYXJqxQpwyzxhk3nyHQh0zRkOp2bLvG2nbFcArkk0S2FqOJ-U_WrI_JF5mlgutfkmZqfuTAiZOydSuSaZdCkhOKhyphenhyphenWzhZ2GTct5SVp8c4cYjAj97LIZNP8bg-eZZE-MMW2jtdTRiAwNU/s400/ATgAAABsK-eRp6oczKb2rkLXKNsCNZv2lM57-nlCaqgYowZeM6VgHPh2kpcxT1YiNEmkZbHSULJIZmZ3_ZXp5GvXlg4OAJtU9VCIwCcPfQnHQLp4brv95giOe8jlAg.jpg" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:arial;font-size:85%;">Não é apenas impressão, faz mais de duas semanas que eu não escrevo, e o post escrito ontem não sei onde coloquei, da mesma forma como a cena de terça. Minha professora de redação, a menos de 24horas atrás, disse-me que a prática da escrita levava ao aperfeiçoamento (ou, quem sabe, a uma obra prima. Diante disso meus olhos brilham, penso: por que não começar?) </span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:arial;font-size:85%;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:arial;font-size:85%;">Antes de seguer pensar nas falas ácidas, pedaços abstratos de corações sangrados, nos contrastes absurdos da vida, no sépia (por consequência, no colorido de ontem o qual já se desbota e no breu cujas poucas cores vão fosforescendo) e nas canções escutadas, há algo, ocorrido agora em minha cabeça, mais urgente: adorar adjetivos, céu, uma situação bizarra e revoluções instantâneas.</span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:arial;font-size:85%;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:arial;font-size:85%;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:arial;font-size:85%;">" Eram 21h:30min de terça-feira, horário de verão, passando de carro, via somente as luzes dos postes das rua, desejando não estar ali, mas sim em casa. Olhei para direita, enxerguei algo inimaginável até aquele segundo: um homem, vestido de cores escuras, consumindo-se nos ócios da espera, sentado em cima de um pneu de bicicleta (faltou apenas o cão andaluza)! Continuei revivendo esse acontecimento, foi como uma fisura no meu universo comum, porque do normal, faz-se, instaneamente, a loucura (perdida em mim) a qual tanto procurava.</span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:arial;font-size:85%;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:arial;font-size:85%;">Resolvi então fazer minhas revoluções, perdoem o uso excessivo do adjetivo, instâneas. Era tempo de mudanças, morangos e ameixas (observe a influência de Caio F.); sair das cegueiras e dos comportamentos premeditados e óbvios, eu precisava reencontrar-me, portanto; aqui estou monstro e fada, todas as fantasias e falas cruas desse momento. Somente o céu (do chão e do alto) sobre minha cabeça: cinzento; cor-de-chocolate; azul neon; sempre transitório, inconstante, brilhante/opaco - sem nunca, contudo; perde-se no processo.</span></div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-940139954044187845.post-44305019504262876572009-10-16T10:03:00.000-07:002009-10-16T10:42:18.795-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCgdrUIP3pjRJYnUx8we01EVfa7mFyyMOgeYuxxTy9tmoA5wZpg7V0xqgEDvVM8gCMrcnk0JVsoBJFuDh2hzWL7Lygx3aPwCs5VV-FImRYKhe1q7uKWV-BlDDWxgboINalkC2pn3Rb4zM/s1600-h/ATgAAABfT1uZ8jv1oz_n9Qa79-zldI9kRNpHeD80CbS6PU6rU4fnDJobbZVwPq96UGFkcnDhs4ItBPuTj1eYOARoKgKQAJtU9VDj96mbMj3qDZbVmusfPnYKSSVhug.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 300px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5393254477249048162" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCgdrUIP3pjRJYnUx8we01EVfa7mFyyMOgeYuxxTy9tmoA5wZpg7V0xqgEDvVM8gCMrcnk0JVsoBJFuDh2hzWL7Lygx3aPwCs5VV-FImRYKhe1q7uKWV-BlDDWxgboINalkC2pn3Rb4zM/s400/ATgAAABfT1uZ8jv1oz_n9Qa79-zldI9kRNpHeD80CbS6PU6rU4fnDJobbZVwPq96UGFkcnDhs4ItBPuTj1eYOARoKgKQAJtU9VDj96mbMj3qDZbVmusfPnYKSSVhug.jpg" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:arial;font-size:85%;">Traumatizei-me, pois descobri que maçãs e morangos não são frutos, mas, sim, pseudo-frutos. Bananas não possuem sementes e micuí não existe (é entidade)! Estava extremamente feliz com minha ignorância botânica, agora o que direi quando meu pai perguntar-me: - Filha, quais frutas tu queres? - responderei: - Não quero frutas; pseudo-frutos! Quem irá me entender? </span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><em>" A menina acordou atrasada, sem tempo para o desjejum. Pegou, na correria, uma banana da fruteira, olhou o rádio-relógio (tocava Caetano Veloso: "(...) e agora que faço da vida sem você, você não me ensinou a te escuquecer(...)". Deixando a cena digna de cortar os pulsos com bolacha maria - QUE DECADÊNCIA!) que assinalava 7h:55min. O onibus passava as 8h, de tão apressada, a menina, correu, correu, esquecendo-se de comer a banana. Suada, os cabelos lanhados, ofegante, babana sempre a mão, disse ao cobrador: - Mínima, por favor? </em></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><em></em></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><em>Todos olhavam-na e, ela não conseguia passar na rola com seu cartão, na verdade a banana. Quando se deu conta, estava escarlate, ah se fosse um avestruz. Alguém falou: - Guria, essa banana dá pro gasto, mas pelo jeito não tá servindo pra nada, nem pra pagar passagem! Tá pior que lá em casa, hein! </em></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><em>Era ninguém mais, ninguém menos que a velhinha, sua vizinha a qual na semana passada, havia pedido-lhe pilhas."</em></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><strong></strong></span></div><br /><div align="justify"><strong><span style="font-family:Arial;font-size:85%;">Cedo ou tarde, é uma questão de concepção, assim como "o para sempre". Para alguns apenas o momento, luz ou escuridão. Muitos paradoxos e contradições, renovando-se eternamente, lembrando-se: há de parar, quando tudo estinguir, virar pó, (re)nascer ou criar-se. O fato é: início de um, final de outro, logo a eternidade de ambos, nos "para sempre" dos tempos.</span></strong></div><br /><div align="justify"><strong><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"></span></strong></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Arial;font-size:85%;">BOM RESTO DE SEXTA E ÓTIMO FIM DE SEMANA. E SIM: AMARREM MEUS DEDOS PARA NÃO ESCREVER TANTA BOBAGEM!</span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"></span></div>bibianafinklerhttp://www.blogger.com/profile/07384748139482316996noreply@blogger.com0