domingo, 30 de agosto de 2009

CARTA 1


Escrevo, tomo chimarrão. Nessa manhã ensolarada de domingo, faço os planos da tarde, pois a manhã já se esvai. Li algumas reportagem sobre: a política do Brasil, as desgraças as quais ocorreram ontem (alguns mortos, diversos feridos ou salvos, no entanto todos machucados pelas circunstâncias caóticas do dia-a-dia), novas armas atômicas, IPI reduzido e a previsão do tempo.
Lido isso, penso nas consequências. Esboço uma carta para Dulcinéia Napolina III:
"Aqui, minha flor, a coisa está feia. Eu achando que aqui veria mulheres com os peitos de fora (lotados
de purpurina), vejo vários atirados por aí, as traças, esperando demais para que alguém faça algo por eles. Rápidos apenas nas palavras, mas nas ações a inércia permanece a mesma, porque o individualismo, ignorância, medo e impunidade reinam. Esse horror silencioso, lembra-me o livro do José Saramago (Ensaio sobre a
Cegueira): os malvados reinam, enquanto os bons subjulgam-se, custando a rebelarem-se, indo além dos xingamentos aos desgraçados.
Perguntei a um vivente:
- o que ocorre
aqui?
Ele respondeu:
- sempre foi assim, não se assuste. Pois um dia Brasília pegará fogo, a Terra há de comer seus destroços, comprovando a esperança brasileira.
- como pegará fogo? - perguntei de novo.
- Só Deus sabe, amigo.
Dulcinéia, a questão é que nem tudo está nas mãos de Deus. A maioria está na dos homens, estando eles de mãos atadas ou não. E não preciso viajar milhas e milhas para se chegar a essa conclusão, a muito tempo já dita por vários.

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