quinta-feira, 17 de dezembro de 2009




A cúmulos nimbos trazia a guerra eminente dos céus (primeiro prata, depois negra), por trás dos olhos de vidro transparte da janela, ela já percebia as gotas precipitadas as quais haveriam de cair, cedo ou tarde. A fumaça da bebida quente(velho hábito incrustrado na carne) embaçava os olhos, seriam turvos de vapor somente? Não sabia, podia ser o mormaço,honestamente, nem queria; naquela hora nada era inteiro, nem metade, eram quartos? Ou quartas? Sabia que era quinta, porque era dia de semana, tinha acordado cedo. Arrumara-se, guerriou pelo mundo, depois voltou para casa. Lá estava, de compania: seus pecados que vinham de arrasto e sua carcaça de plástico. Imóvel.
Ouviu o primeiro pingo, outro, outro... outro, sobre a laje. Outro sobre a mesa; em seus pés. Sorte que a carcaça era impermeável, já calejada (assim acreditara tantas vezes, na luta pela sobrevivência, mas isso não lhe bastava: era pouco, quase nada. Um antidoto, um veneno diluído em litros d'água). Outro sobre a cabeça, mãos, pés, cabelos, resolveu pegar alguns baldes, bacias, potes de sorvete ou panos grossos.E lá se foi, quando voltou: tudo pingado, um barulho insuportável, tudo destacava o cheiro de mofado. Mais uma vez, suspiro, a armadura é impermeável, mas não indestrutível. Ruiu. E na falta de sustentação seu corpo machucado se fez torno, olhando as fotos e tocos de alucinógenos invisíveis que apagavam. No dilúvio: tudo era deserto. Caminhou até a janela, caminhar nas areias d'água não era fácil, as roupas atrapalhavam.
Tiro-as todas, exibindo particularmente o corpo todo. Nas lentes de vidro, viu aquilo que escorria entre as vidraças e protegendo-se das tempestades de areia volátil correu para o pátio. Dançando alguma música que inventara nos quartos de minuto os quais nem sabia mais, lavava-se, mas os pecados ainda ficavam de arrasto (jamais sairiam, eram cicatrizes cravadas, latejantes), logo se fazia simples mortal de um reino qualquer, era um servo, servo da chuva, um grão de areia no mar.
Se fosse final de semana, não saberia as horas, se fosse dia de semana se contentaria com o saber dos minutos, mas não - era feriado. Não era tão simples assim.


Um comentário:

  1. Oi...bem interessante seu blog!

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    Até Breve

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